Foco no principal!

Desde a posse, o governo Bolsonaro con­firma ser aquilo que se esperava. Eleito como último recurso que sobrou para o capital financeiro e as classes dominantes tupiniquins, dada a crise de suas represen­tações tradicionais, seus primeiros dias de governo foram marcados por trapalhadas, idas e vindas e declarações desqualificadas pela gente (ministros, assessores, familiares e o próprio presidente) que se aboletou no Palácio do Planalto.

Mas não nos enganemos. O bate-cabeça, os despautérios ditos não podem ofuscar que este governo foi eleito, nas condições que conhecemos, para fazer o que quer fazer: entregar de bandeja ao capital financeiro todas as condições que ele exige para reduzir o custo do trabalho e liberar recursos para a especulação que alimenta este sistema capitalista em crise. Se na sua equipe civil tem um bando de fanáticos desqualificados, é um governo que tem como garantidor os militares que ocupam sete ministérios, além de outros cargos e que ganham todo protago­nismo, associado ao poder Judiciário. Estão aí para não nos deixar mentir as vistas grossas do agora ministro Sérgio Moro e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que só falta bater continência aos generais!

O mesmo poder Judiciário que mantém Lula preso para facilitar o desmonte da nação e dos direitos. É neste aparato jurídico-militar, facilitado por um congresso ultrarreacioná­rio, que o governo vai se apoiar para tentar entregar, ainda no primeiro semestre, como exige o capital financeiro, a “joia da coroa”: a contrarreforma da previdência.

A subida dos índices da Bolsa de Valores e a queda do dólar mostram que esta é a aposta do capital financeiro. Se perderem a aposta, a ver como fica o governo.

Em gestação, o projeto de contrarreforma da Previdência deve estar no centro da resistência no período imediato. E para isso os trabalhadores, mesmos os que votaram em Bolsonaro confusos com a situação que se abriu no país, precisarão das organizações construídas para defendê-los.

A CUT pode, e deve, se lançar a organizar um movimento pela mais ampla unidade contra os ataques à aposentadoria. Uma reunião das centrais sindicais já começa a dis­cutir um calendário e aí não tem que vacilar. A exigência é “tirem as mãos da Previdência Nenhuma concessão, nenhuma negociação!

O PT que deu um bom sinal ao se ausentar da posse em 1º de janeiro, deve agir para se fortalecer como o principal instrumento po­lítico de que dispõe as classes trabalhadoras para resistir.

A abertura da discussão no partido de pre­parar a convocação do 7º Congresso este ano é a oportunidade para – sobre a base do balanço dos acertos, mas também dos erros – adotar uma política que impeça a catástrofe anunciada para a nação e os trabalhadores se o governo Bolsonaro atingir seus intentos. Isto implica, no Congresso Nacional, delimi­tar claramente de todos os que, mais ou me­nos identificados com o governo Bolsonaro, se preparam para dar o bote na Previdência.

A batalha que se inicia não será fácil. Seu desfecho não está dado, é a luta de classes que dirá.

O que está em jogo no Brasil, não diz res­peito apenas às camadas oprimidas da nação brasileira. No cerco sem trégua à Venezuela, à sua soberania para rapinar suas riquezas, o imperialismo dispõe agora de Bolsonaro. O PT, ao não ir na posse de Bolsonaro e se fazer presente na posse de Nicolás Maduro acertou! É por aí!

É para desenvolver esta discussão que, com o Diálogo e Ação Petista, organizamos as reuniões dos grupos de base.

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