O impeachment, sem crime de responsabilidade, foi um golpe contra o povo. Portanto, é justa a sua anulação. Para chegar lá é preciso avaliar porque Dilma caiu e os meios para restabelecer a democracia: no limite desta nota, resumindo, uma greve geral pelos direitos e a perspectiva da Constituinte, o que começa na luta pelo Fora Temer, o usurpador alçado pelo golpe.
Nos atos aparecem pequenos grupos pedindo “volta Dilma”, via a anulação. Mas a própria Dilma não cogita disso nas entrevistas. Dilma fala em virar a página e eleições diretas. E, de fato, não há setores populares em luta pela sua “volta” devido à decepção com as medidas de ajuste de seu segundo mandato.
Mas Edva Aguilar, de um daqueles grupos, prefere culpar “a própria esquerda (que) esqueceu os avanços econômicos conquistados pelo governo Dilma até 2014 e se somou aos golpistas, criticando ferozmente a Presidenta e seu governo pelos ajustes e escolhas. Machismo e misoginia, infelizmente, não ocorreram só entre os inimigos políticos”. E chuta que “uma ocupação em massa do STF pode constituir a força para que esses ministros anulem o golpe”.
Mas quem sustentaria tal ocupação no país, do lado de fora? À esta altura, é muita ilusão nos ministros do STF, ignorar que só a força dos trabalhadores numa greve pode impor tal recuo.
Ilusões parecidas tem outro grupo, o PCO: “os advogados de Dilma Rousseff entraram com mandado de segurança no STF” (…) “a exigência de que o Judiciário se pronuncie é uma ferramenta para mobilizar amplos setores”. Agressivo, o site Partido da Causa Operária (PCO) denuncia “os elementos da esquerda pequeno-burguesa que pede o Fora, Temer, abandonando a luta contra o golpe” (1/2/2017).
Antes de acusar, o PCO dilmista deveria testar em panfletagens em fábricas ou terminais populares, a audiência da palavra-de-ordem “volta Dilma”.