Um verdadeiro tsunami irrompeu neste 10 de setembro, com bloqueios e manifestações poderosas em pequenas e grandes cidades, reunindo uma massa de militantes, jovens e trabalhadores; com greves, algumas delas de grande escala, em vários setores e com assembleias de cidadãos notadamente massivas à noite.
Aqueles que saíram às ruas o fizeram para afirmar em bloco sua rejeição a Macron (a palavra de ordem “Macron, renuncie!” voltou a ser muito repetida), sua rejeição à nomeação de Lecornu como primeiro-ministro e seu desejo de uma ruptura radical que exclua qualquer tipo de remendo.
Cada vez mais, Macron se torna o alvo dos protestos. Como o jornal Le Monde (10 de setembro) destacou: “A exigência da saída de Emmanuel Macron, ponto de ligação das manifestações de 10 de setembro”. Quanto ao Ministro da Guerra, Sébastien Lecornu, assim que foi nomeado primeiro-ministro, enfrentou uma impopularidade recorde (69% dos franceses não o querem). Ele mal começou a falar na retomada do “conclave” sobre as aposentadorias quando a Confederação Francesa dos Trabalhadores (CFDT), normalmente não inclinada a recusar o diálogo – para dizer o mínimo – recusou imediatamente: “Está fora de questão relançar o ‘conclave’”.
Até o Partido Socialista (PS), que no último período salvou a pele do governo de Bayrou [ex-primeiro ministro recentemente destituído após votação na Assembleia Nacional – Ndt] ao se recusar a censurá-lo, declarou pela voz do líder dos senadores, Patrick Kanner: “Não vamos nos desgastar com um novo acordo de não censura por causa de ninharias” (L’Opinion, 11 de setembro). Todos veem a amplitude da rejeição que pesa sobre o executivo.
Mesmo que continuem a ser tentadas, as manobras grosseiras do PS e de Glucksmann [eleito para o parlamento europeu em 2024, numa aliança entre seu partido -Place Public- e o partido Socialista, Ndt], bem como as do Rassemblement National (RN) [partido da ultra direita de Marie Le Pen -Ndt] e outros, para manter seus pequenos espaços, preservar o chefe de Estado e as instituições em nome da “estabilidade”, se tornarão cada vez mais difíceis. Em oposição a essas tenebrosas transações, está a França Insubmissa (LFI), que se opõe a qualquer “remendo” e que está ao lado das centenas de milhares de pessoas que se mobilizaram em 10 de setembro.
Nessa situação, o que foi expressado ontem com força e determinação está fadado a ressurgir, inclusive por ocasião da jornada de 18 de setembro, convocada pelas confederações.
Publicado no jornal francês Informations Ouvrières, 11 de setembro
Tradução Adaias Muniz