Há 36 anos nascia a CUT

Em 28 de agosto a CUT completou 36 anos da sua fundação, ocorrida no congresso realizado no Pavilhão Vera Cruz em São Bernardo do Campo, que reuniu mais de 5 mil delegados do campo e da cidade vindos de todo o país.

Dois anos antes, a Conferência nacional da classe trabalhadora (Conclat) da Praia Grande (SP), havia formado a Comissão Nacional pró-CUT com o mandato de organizar o congresso de fundação para agosto de 1982. Mas, o bloco de pelegos e stalinistas (do PCB, PCdoB e MR-8 à época), autodenominado “Unidade Sindical”, tudo fez para adiar a criação da CUT para 1983. Às vésperas do congresso adiado, novas manobras para inviabilizá-lo levaram o bloco “combativo”, formado em maioria por sindicalistas do PT, a “bancar” a fundação da CUT, respaldado pela greve geral de 21 de julho de 1983 contra o arrocho salarial da ditadura militar.

Preservar uma conquista maior da classe
Nascida em ruptura com a estrutura sindical oficial, em poucos anos a CUT transformou-se na maior central sindical brasileira e uma das maiores do mundo.

Mas, hoje, ela está ameaçada em sua sobrevivência, pois os sindicatos que a constituem sofrem os impactos de derrotas políticas recentes – impeachment de Dilma, prisão de Lula e eleição de Bolsonaro – e também da contrarreforma trabalhista de Temer, que aumentou a precarização do trabalho e atacou o financiamento da estrutura sindical oficial com o fim do caráter compulsório da contribuição sindical (o velho imposto sindical).

O fato é que, ao longo dos anos, a CUT e seus sindicatos adaptaram-se à essa estrutura sindical oficial – com unicidade e imposto sindical – que agora desmorona, e não pela ação da classe trabalhadora, mas pela ação de governos de direita que querem anular a resistência à super-exploração do trabalho pelo capital, destruindo os atuais sindicatos e buscando limitar as negociações ao âmbito das empresas.

A única forma consequente de enfrentar essa ofensiva destruidora é retomar os princípios de um sindicalismo classista e de luta, independente dos patrões e governos, enraizado entre os trabalhadores, que esteve na base da fundação da CUT. Os atalhos – como o assistencialismo ou a “prestação de serviços” – que pretendam substituir uma ação sindical que “amasse o barro”, que vá até os trabalhadores para convencê-los da necessidade de sua organização coletiva para lutar por seus direitos, de nada servirão, a não ser para descaracterizar o papel de defesa dos interesses da classe trabalhadora contra a exploração dos patrões, que é a razão de existência de verdadeiros sindicatos.

Essa é uma questão central que estará em discussão no 13º Congresso Nacional da CUT (7 a 10 de outubro na Praia Grande), pois a sua preservação como central sindical independente é vital para defender os direitos e conquistas da classe trabalhadora e assim ocupar plenamente o seu lugar na luta por Lula Livre e pelo fim do governo Bolsonaro.

Mas, ainda antes de seu congresso, a CUT deve continuar a luta para barrar a “reforma” da Previdência, já aprovada na Câmara dos Deputados mas que ainda tramita no Senado, com votação prevista para 24 de setembro, data em que se convoca uma concentração de sindicalistas em Brasília para rechaçar esse ataque à aposentadoria e proteção social dos trabalhadores.

Desde já, também, a CUT está chamada a liderar a luta contra a privatização das estatais, que é parte central da política do governo Bolsonaro de entrega do patrimônio público às multinacionais, atentando contra a soberania nacional.

Julio Turra

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