Hora de decisão:Dilma vai ouvir o PT?

A base social que elegeu Dilma não está disposta a se dobrar

Em 19 de fevereiro, o governo Dilma, através do ministro Nelson Barbosa, anunciou uma série de medidas que correspondem às exigências do Fundo Monetário Internacional, entre elas o estabelecimento de teto de gastos do governo, o que pode comprometer o salário do funcionalismo, os gastos com programas sociais e a política de recuperação do salário mínimo).

Depois do anúncio da determinação em fazer a reforma da Previdência, é mais uma bordoada na cabeça da base social que garantiu sua reeleição e que, através de suas organizações, tem feito frente à tentativa, capitaneada pelo PSDB, de apear Dilma da presidência.

Em 24 de fevereiro, Dilma deu aval ao inaceitável acordo feito com o PSDB, para a aprovação, no Senado, do Projeto de Lei que revê o sistema de partilha do Pré-Sal, um pequeno, mas importante passo em direção à soberania da nação, no controle de sua riqueza.

Se, com essa política, Dilma supõe que vai acalmar a ofensiva contra seu governo, se engana. Quando mais se dobra, mais se fragiliza, fortalece a oposição, e fica ainda mais refém dos sabotadores que coabitam seu governo, como os do PMDB.

O governo não acalma a reação, e a cada dia enerva mais sua base social que se sente jogada aos leões com perda de empregos, salário e direitos.

Essa base social resiste, demonstrando que não está disposta a se dobrar, e pressiona as direções de suas organizações que, até por questão de sobrevivência, não pode ignorá-la.

No dia 26 de fevereiro, o Diretório Nacional do PT adotou um Programa de Emergência que se delimita da política econômica do governo e propõe medidas contrárias ao ajuste fiscal.

Com o Diálogo e Ação Petista, em outubro de 2015 levantamos, no “Manifesto de Alarme”, a urgência de uma política econômica para proteger a nação e os trabalhadores da crise provocada pelo imperialismo. Entre as medidas propostas estão o fim do superávit fiscal primário, a derrubada dos juros e a centralização do câmbio.  O Programa adotado pelo PT não chega até aí, mas as propostas que faz não são contraditórias. O DN-PT adotou também uma campanha em defesa da Petrobras e do regime de partilha do Pré-sal que, se levadas adiante, se constituem num ponto de apoio para a luta dos trabalhadores.

A defesa do PT, submetido à ofensiva reacionária que visa seu aniquilamento, coloca a necessidade de o partido reatar com sua base social, os trabalhadores da cidade e do campo, delimitando-se da política que ataca a nação e as massas oprimidas.  Um pequeno passo foi dado e pede outros.

O Encontro Nacional do Diálogo e Ação Petista discutirá essa nova situação, numa disposição de, com os compromissos originários do partido, continuar agindo como o PT agia. Nessa perspectiva, desde as reuniões dos grupos de base que preparam o Encontro, está na pauta a preparação do dia 31 de março, em especial da Marcha a Brasília.

Encurta o prazo da presidente Dilma para mudar, romper com a política dos que querem golpeá-la, e atender a única força social que pode defende-la.

A questão colocada no “Manifesto da Alarme” do Diálogo e Ação Petista, com mais ênfase está recolocada agora, depois do Diretório Nacional: se Dilma não mudar, o PT deve rediscutir sua relação com o governo, pois não pode seguir avalizando um governo que dá as costas à base que o elegeu, a classe trabalhadora que, em sua luta e para ela, construiu, há 36 anos, esse partido.

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