Em 11 de agosto, uma manifestação reuniu dezenas de milhares de palestinos (árabes israelenses) e de judeus israelenses, em Tel Aviv, contra a lei do “Estado-Nação do povo judeu”, adotada recentemente.
Um correspondente presente ao ato relatou:
“A lei não visa a modificar a realidade atual. Ela foi feita para justificá-la. Ela é a síntese das relações de poder e das estruturas racistas e coloniais que existem há setenta anos e que estavam contidas na declaração de independência, apesar do que diz a esquerda israelense. Há uma vontade de parte dos organizadores da manifestação de se colocar no mesmo terreno dos oponentes e tirar proveito da lei para futuras alianças eleitorais.
Mas, podemos continuar a viver com a ilusão de um retorno à democracia israelense que nunca existiu, ou a ilusão sobre a capacidade de alguns deputados do Knesset (parlamento israelense, NdT) de fazer avançar a causa da democracia?
A manifestação reuniu milhares de palestinos do interior, mas cuja reivindicação fundamental é que eles querem viver em casa com os mesmos direitos que os judeus, não menos. Com o direito de construir uma casa, de viver onde queiram em seu país, sem nenhuma discriminação. Entre os que não quiseram participar, muitos dizem que se trata da manifestação daqueles que ainda acreditam que a presença de um punhado de deputados árabes no Knesset pode servir à causa palestina. Não será, ao contrário, um álibi democrático para os sionistas? O mesmo usado com a Autoridade palestina, encarregada da manutenção da ordem na Cisjordânia.
É por isso que, para muitos palestinos do interior, a questão que está colocada é a da organização concreta, prática, da resistência ao apartheid, inclusive, evidentemente, com todos os judeus progressistas, contra essa lei e contra o sistema que essa lei sustenta com ainda mais vigor. Eu considero que isso passa por reafirmar a unidade dos direitos dos palestinos onde eles se encontram, entre o mediterrâneo e a Jordânia e o direito ao retorno, que é uma reivindicação democrática.
Deve ser enfatizado que, ao mesmo tempo, os bombardeios prosseguem em Gaza, mas havia uma enorme pressão para que não se mencionasse isso na manifestação de Tel Aviv, e como sempre acontece em tempos de crescente crise política, o exército israelense convoca os reservistas e se prepara para evacuar os civis das colônias ao redor de Gaza. Por trás das pressões atuais, particularmente egípcias, contra o Hamas, está, sobretudo, o desejo de acabar com o movimento da Grande Marcha pelo retorno, que escapa ao controle das organizações tradicionais.”