No Peru o governo de Martin Vizcarra, depois de entregar 60 bilhões de soles (cerca de 20 bi de dólares) aos bancos e grandes empresas, utiliza a Covid-19 para negociatas com as Clínicas privadas, paga pontualmente a astronômica dívida externa ao FMI, se orienta para destruir a Previdência pública (ONP, Oficina Nacional Previsional) facilitando a sua absorção pelas AFPs (fundos de pensão) e acaba de promulgar o Decreto 038 em favor dos empresários, o que já provocou mais de dois milhões de trabalhadores demitidos.
Em meio a esses ataques ocorrem conflitos entre o Executivo e o Parlamento, que a grande imprensa qualifica como “caos institucional” e “alteração do equilíbrio de poderes”.
Vizcarra, de costas para a democracia, as reivindicações dos trabalhadores e sem encarar os problemas centrais da nação oprimida, tenta saltar por cima das contradições com o Parlamento convocando eleições gerais para 11 de abril de 2021, com as mesmas regras de jogo antidemocráticas utilizadas nas eleições de 2016 e sem anular o Estado de de Emergência, como exigem as organizações sindicais e populares de Arequipa y Lambayeque (regiões do país).
Uma Constituinte que decida com soberania
Ao invés da gritaria confusionista da grande mídia, não seria necessário exigir a convocação de uma Assembleia Constituinte, tal como propõe a Assembleia Nacional dos Povos (frente de organizações populares, NdT)?
Uma Assembleia Constituinte que discuta e decida com soberania sobre as questões da Saúde Pública, do trabalho, da vida, o não pagamento da dívida externa e um desenvolvimento nacional sem as imposições do FMI e seus sócios locais.
Depois da Jornada Nacional de Luta do mês de junho, que contou com o respaldo da Assembleia Nacional dos Povos (ANP), a CGTP (central sindical histórica do Peru, NdT) convoca uma segunda Jornada em 23 de julho para exigir solução para as reivindicações dos trabalhadores, a defesa da saúde pública e da nação.
Um comunicado datado de 26 de junho das quatro centrais sindicais (CGTP, CUT, CATP e CTP) rechaçou o Decreto 015, relacionado às demissões em massa, e o Decreto 038 que favorece a Confiep (confederação dos empresários), dizendo “em nosso país não existe o Diálogo Social entre o Estado Peruano e os trabalhadores”.
Elas não deixam de ter razão, pois não pode existir “diálogo social” entre o capital e o trabalho, nem tampouco um Acordo Nacional. Essas são simplesmente emboscadas contra a luta dos trabalhadores.
Toda a situação coloca no cenário político o questionamento à continuidade do governo Vizcarra, portanto a necessidade de lutar por outro governo: um governo que rompa com o FMI e solucione as reivindicações levantadas pelos médicos, enfermeiras e suas organizações sindicais, pela CGTP e demais centrais sindicais, pela ANP e os 180 conflitos ainda dispersos que se desenvolvem em todo o país..
Na reunião do CILI propusemos o apoio dos participantes dos demais países à segunda Jornada Nacional de Luta convocada pela CGTP que aponta contra os planos destruidores do governo Vizcarra, inimigo dos trabalhadores, dos camponeses e da maioria nacional explorada.
Erwin Salazar, da CGTP- Lambayeque