Lava Jato a toda carga

Lula cresce e o bonapartismo do Judiciário já não é consenso.

Desde o mensalão até a Lava-jato, a meta era pegar o PT e Lula, esmagando direitos e avançando num estado de exceção, com o Judiciário extrapolando e se sobrepondo aos demais poderes, rumo a um tipo de ditadura “bonapartista”. Com apoio mal-disfarçado nos EUA, o objetivo era reverter conquistas, entregar o Pré-Sal e “abrir” ainda mais economia, começando pela cadeia de óleo e gás.

No entanto,10 anos depois, Lula e o PT resistem, no caso, respaldados pela luta de classe que cresce rapidamente puxada pela CUT, contra as reformas da Previdência e Trabalhista, que já mobilizam as fábricas e categorias que não foi possível no impeachment de Dilma. Ao preço de grande sofrimento nacional (14 milhões de desempregados, cortes, mais violência etc.)

Mas, os petistas, com outros setores populares, recuperaram as ruas dos “coxinhas” em grandes atos políticos com Lula, em Monteiro (PB), em Rio Grande (RS), agora foram 30 mil em Curitiba (PR), nas barbas do juiz Moro.

Perdendo a santidade

Para a classe dominante, o auge passou, o bloco já não está tão unido, aparecem claras fissuras em relação ao Judiciário, inclusive na mídia golpista. O jornal O Estado de São Paulo (Estadão), em editorial, diz que “os procuradores não podem agitar contra as instituições, como se fosse tudo podre”. As longas prisões preventivas sem condenação começam a recuar – José Dirceu, por exemplo, ganhou precária liberdade.

A verdade é que, esticando a corda, o Judiciário se expôs perdendo a suposta santidade. Hoje, o povo sabe que a filha do procurador-geral, Rodrigo Janot, trabalhou para a Construtora OAS e a mulher do Ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, trabalha para o empresário condenado e já preso, Eike Batista, aquele que ele mandou soltar. Quer dizer, “tá tudo dominado”!

Há uma saída

De longe, favorito nas pesquisas, Lula é visto como a saída. Ele pode ser condenado por Sergio Moro, mas não se sabe se, em 2a Instância, em tempo (porque há um prazo), vai tirá-lo da disputa presidencial. Proscrevê-lo poderia incendiar o país, com a abstenção eleitoral, com ou sem boicote. A confusão é grande.

Carmen Lúcia, presidente do STF, reuniu-se com 13 grandes empresários para discutir “questões trabalhistas” e se cacifar para a presidência da República na emergência.

Mas, na classe dominante, há quem fale em “algum tipo de Constituinte” controlada, para tentar consertar ou, eleita pelo próprio congresso ou limitada à “notáveis” excluindo políticos etc.

O TSE deve começar a julgar a chapa Dilma-Temer dia 6 de junho. Os excelentíssimos juízes – 2 deles recém nomeados por Temer – dizem que julgarão de olho na “estabilidade”, leia-se, preservarão Temer. Afinal, cassá-lo para eleger o sucessor indireto nesse congresso podre é provocar o povo.

A melhor solução é lutar pela proposta adotada do Congresso do PT de São Paulo: a antecipação das eleições, com Lula Presidente e a Constituinte Soberana na plataforma, para anular as medidas dos golpistas e abrir caminho para as reformas populares.

Markus Sokol


Curtas

Gilmar: contra o fascismo “generalizado”

Na revista Veja (12/5), Gilmar criticou os procuradores, em “defesa dos direitos de todo mundo. Essa gente que está batendo panela e protesta pode acabar sendo alvo amanhã de atentados aos seus direitos. Cria-se uma insegurança geral, um tipo de fascismo vulgarizado, generalizado”.

Enquanto batia em Lula e no PT, Gilmar deu mão forte à Lava-jato no STF. Agora, reflete o temor de um setor na elite do “fascismo generalizado”.


FMI: Judiciário, “o melhor investimento”

David Lipton, Vice-diretor do FMI (ex-conselheiro de Obama).

“Como o senhor avalia os efeitos da Operação Lava Jato?

Vamos ver pelo lado positivo. As reformas no sistema Judiciário podem se revelar o melhor investimento que o Brasil já realizou, porque o sistema Judiciário agora funciona incrivelmente bem, em uma situação de stress e no momento mais importante. Hoje é uma fonte de força e credibilidade no Brasil” (OESP, 25/4).


Procuradores: “única representação do Estado brasileiro”!?

Disse Carlos Fernando dos Santos, “cérebro” dos procuradores de Curitiba: “Na Lava-Jato, como o noticiário nos revela, somente um órgão com independência pode encaminhar acordos complexos que envolvem crimes e improbidades administrativas. Reitero que a representação do Estado brasileiro em uma situação de corrupção política sistêmica só pode ser feita pelo Ministério Público”.

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