Vaccari continua preso, PF acusa Gleisi e o alvo central segue sendo Lula
O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, elogiou a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou Lula. De acordo com Flores, em entrevista ao “Estadão” (6/8), a sentença é “irrepreensível” e “vai entrar para a história”.
O TRF-4 funciona como corte de apelação das decisões de Moro. O desembargador, porém, evitou responder se confirmaria a sentença, caso fosse um dos magistrados que decidirão sobre o recurso apresentado pela defesa: “Isso eu não poderia dizer, porque não li a prova dos autos”. Não leu, mas sai falando a respeito!
Quando se trata da Operação Lava Jato, basta condenar Lula para que a sentença seja considerada boa. A operação, que une Judiciário, Ministério Público Federal e Polícia Federal (PF), tem mostrado que seu objetivo principal é perseguir Lula e o PT.
Os exemplos são muitos. O mais escandaloso é o fato de que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, continua preso, depois de ter sido absolvido pelo mesmo TRF-4. O tribunal, acolhendo posição de Moro, negou no dia 9 pedido de habeas corpus para Vaccari, com base no fato de que ele teve outras condenações. Só que a prisão era decorrente do processo no qual ele foi absolvido, portanto não teria razão para ser mantida.
No dia 7, a PF informou que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e seu marido, Paulo Bernardo, teriam cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Gleisi afirmou, em nota, que “não há elementos nos autos que autorizem a conclusão alcançada pela Polícia Federal”. Mas a intenção é martelar a ideia de que o PT é composto por criminosos.
Acusações sem base
O alvo central da ofensiva continua sendo Lula, ainda mais quando sua candidatura aparece como alternativa à destruição do país realizada pelos golpistas. Um inquérito contra Lula relativo ao chamado “mensalão”, que em 2015 a Procuradoria da República propôs arquivar por falta de provas, foi reaberto em decorrência de uma decisão da Justiça do DF.
Às vezes a coisa é tão forçada que é impossível sustentar. A versão do empresário Joesley Batista de que teria mantido conta corrente de 150 milhões de dólares na Suíça para Lula e Dilma Rousseff é, segundo um procurador da República, “incomprovável” – jeito tucano de dizer que não tem base alguma. O próprio procurador explicou as razões: que movimentava a conta era Joesley, ela não foi usada para fazer repasses ao PT e não há provas de que Lula e Dilma soubessem de sua existência (UOL, 10/8).
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prestes a deixar o cargo, deu sinais de que não quer mais a complementação da delação de executivos da Andrade Gutierrez. O motivo? “A desistência ocorreu após procuradores questionarem se haveria relatos de crime envolvendo o ex-presidente Lula e teles e receberem um não como resposta” (“Folha de S. Paulo”, 14/8). Se não tem Lula, não interessa.
Ainda mais quando se sabe que a empreiteira é ligada a Aécio Neves e acusada de pagar propina aos governos tucanos de São Paulo, assuntos que a Lava Jato pretende deixar intocados.
Cláudio Soares
Supremo Tribunal Federal ataca direito de greve
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Justiça Comum, federal ou estadual, pode julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas. A matéria deixa de ser objeto apenas da Justiça do Trabalho, como estabelece a Constituição. Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), afirmou: “É um tiro no direito de greve, mais um ataque à democracia e aos direitos dos trabalhadores, que já se tornou tão comum nesses tempos temerosos que estamos vivendo”.