Marília perdeu, mas venceu!

A determinação da candidata Marília Arraes do PT e a empolgação da militância na disputa pela prefeitura de Recife, permitiram que ela e o PT enfrentassem os ataques externos (e internos) que recrudesceram no segundo turno. Com 44% dos votos válidos, o PT e Marília obtiveram um êxito político importante, mesmo sem vitória eleitoral. Como disse Marília, o resultado da campanha “marcou o início de um novo capítulo na história do Estado”. Sem dúvida, começa aqui o resgate da independência do PT das mãos do PSB oligárquico em PE.

Diante das pesquisas logo após o primeiro turno, que colocavam a candidata do PT à frente de João Campos do PSB, o dito “aliado de centro-esquerda” partiu para a campanha mais suja que Recife já viu. Recorrendo a práticas bolsonaristas, acusou o PT de corrupção e a candidata de ser contra o cristianismo e a Bíblia, como se fosse esse o debate. Lambe-lambes apócrifos cobriram os muros destratando o PT, Lula e Dilma, além dos panfletos com este conteúdo fartamente distribuídos na frente das igrejas.

O senador Humberto Costa (PT) e o presidente estadual do partido reagiram corretamente em defesa do PT e da candidata (eles não haviam apoiado a pré-candidatura de Marília como a Executiva Nacional). Mas, lamentavelmente, desde o primeiro turno, continuou o boicote à candidata de setores do PT encastelados em cargos nos governos do PSB no Estado e na prefeitura, liderados por Oscar Barreto, membro do DN, tesoureiro estadual e dirigente local da corrente Democracia Socialista. Para estarrecimento da militância, nem o PT-Recife ou seu presidente Cirilo Mota (DS), saíram em defesa do PT diante dos sórdidos ataques. Esta semana, estrago feito, Oscar se afastou da chapa e da DS, para responder a processo interno no PT.

“Rachamos a muralha do PSB”
Por outro lado, no PCdoB, cuja presidente nacional Luciana Santos é vice do governador do PSB, houve a defecção do deputado estadual João Paulo indignado com os “deploráveis ataques ao PT de que participei desde a fundação e ajudei a construir por muitos anos”, para apoiar Marília – João, ex-prefeito do Recife pelo PT, tem mais moral comunista do que seu novo partido e o governador do Maranhão, Flávio Dino, apoiadores da cúpula oligárquica do PSB.

Por outro lado, o PDT, cuja direção oligárquica baseia-se no Ceará – os Ferreira Gomes, Ciro e Cid – também apoiou João Campos até o fim. Mas o deputado federal Túlio Gadelha (PE) veio a apoiar Marília.

Nessas eleições, certos dirigentes se revelaram pelo que são, oportunistas submissos ao PSB, não pelo que dizem que são (“pela frente de esquerda”).

Também há uma lição que o Diálogo e Ação Petista propõe ao PT Nacional: reafirmar a política de alianças nacional do 7º Congresso “democrática e anti-imperialista” com o PSOL, o PCdoB e setores populares do PSB e PDT, não com as oligarquias como os Campos e os Ferreira Gomes. Esta discussão foi reaberta pelos fatos que questionam a linha confusionista da Executiva Nacional de fevereiro onde cabe quase-tudo.

Tem razão Marília Arraes, após o resultado, de mandar o recado: “Rachamos a muralha do PSB, da próxima vez, a gente derruba” – é o sentimento da militância do PT no Estado.

Edmilson Menezes

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