Mélenchon: “a partir do momento em que rompemos, pudemos nos unir”

Discurso na convenção das candidaturas da coalizão Nupes

Reproduzimos o histórico discurso do líder da França Insubmissa em 7 de maio, Jean-Luc Mélenchon, candidato à Primeiro-Ministro, com base nas eleições legislativas francesas cujo primeiro turno é em 12 de junho. O registro é de Informações Operárias, órgão do Partido Operário Independente (11/5/22):

“Acabamos de viver quarenta anos de neoliberalismo dominando o planeta, saqueando as empresas públicas, pilhando a natureza, destruindo os seres humanos. Este sistema está agonizante, todos sabem, é necessário encontrar outro caminho. Não há saída para a crise que a humanidade enfrenta, a não ser na ruptura com tal sistema.

Cada um terá sua bancada
Foi o que aconteceu na eleição presidencial. Havia uma grande questão e nosso povo a decidiu: ele formou um bloco popular escolhendo não uma pessoa, mas uma direção e um programa, o da ruptura com o passado. Então, a partir do momento em que decidimos romper, nós pudemos nos unir. A união é possível através da ruptura. É claro, não teremos a ingenuidade de acreditar que esta força social que se formou está definitivamente constituída.

De agora em diante, somos o que somos, cada um por sua parte, socialista, comunista, insubmisso, verde, anarquista, trotskista, apaixonados por nosso país. Mas também temos uma identidade adicional, aquela que estamos construindo, ou seja, a Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes).

Nupes? Sim, são forças de esquerda que estão se unindo. Mas não é a ‘esquerda unida’, não é a ‘esquerda plural’, não é a ‘união da esquerda’ (nomes das coalizões do PS, PCF e Verdes nas últimas décadas – NdE). É uma nova página da história que se chama de União Popular Ecológica e Social. Não vamos reviver o passado ou viver na obsessão do espelho retrovisor. É uma nova página, temos que inventar, temos que criar, vai ser preciso trabalhar para levar esta identidade a ser radical.

A Nupes é um método, um parlamento, na campanha tentaremos reuni-lo o máximo possível (referência ao ‘parlamento da União Popular’ da campanha presidencial – NdE), cada um terá sua bancada na Assembleia Nacional e haverá um coletivo das bancadas.

Hoje, estamos opondo um ato de resistência coletiva a uma era de maltrato social, ao meio ambiente e à democracia, por parte de um poder que quer nos arrastar ainda mais para o colapso neoliberal, para a destruição que começaram com reforma do Código do Trabalho, continuaram com a destruição do hospital público, e agora gostariam de continuar com a pilhagem da escola e a mercantilização do conhecimento.”

O salário mínimo será aumentado para 1400 euros
É um ato de resistência, repetimos, não queremos a aposentadoria aos 65 anos. Assim que chegarmos ao governo, o salário mínimo será aumentado para 1.400 euros (mais de R$ 7.000), vocês podem contar comigo. Convocaremos convenções obrigatórias de negociação salarial em todo o país para examinar toda a grade salarial, levando em conta a inflação.

Vamos congelar os preços de todos os produtos de primeira necessidade, porque nosso povo está sofrendo. Queremos libertar as pessoas das dificuldades da sobrevivência e da servidão em que a miséria os aprisiona”.

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