A reação de Bolsonaro às revelações do site The Intercept de proteger Moro era mais que esperada. Afinal, como reconheceu Bolsonaro, ele se sentou na cadeira de presidente graças ao ex-juiz que montou a farsa para condenar e prender Lula, impedindo-o de concorrer às eleições presidenciais com chances de ganhar no primeiro turno, como indicavam pesquisas à época.
Como “uma mão lava a outra”, Bolsonaro agradeceu dando a Moro o cargo de ministro e quiçá uma nomeação para o Supremo Tribunal Federal. Um se escora no outro e ambos são escorados por instituições que participaram do jogo sujo que é revelado pelo The Intercept.
Menos de uma semana depois que as revelações começaram a aparecer, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, divulgou a pauta de julgamentos do plenário da Corte, até o mês de novembro (dezembro começa o recesso). Ao contrário do que estava previsto e anunciado, o julgamento de ações sobre prisão em segunda instância que deveria ocorrer em outubro, sumiu da pauta!
Lula, depois de condenado em segunda instância num julgamento fraudulento, foi preso em 7 de abril de 2018.
“O ministro avaliou que há questões de segurança envolvidas na inclusão desses processos em pauta, dado o momento político delicado do país – principalmente após as revelações do site The Intercept Brasil” (Valor, 15/06).
Recados dos militares
No dia anterior à decisão de Toffoli, o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional defendeu aos gritos, ao lado de Bolsonaro, em café da a manhã com jornalistas, que Lula “tinha que tomar prisão perpétua”!
Antes de Heleno, o ex-comandante do Exército, general Villas Boas, aquele que gosta de mandar recado ao Judiciário sempre que o assunto é Lula, reagindo às revelações do The Intercept, postou, no dia 11 de junho, em sua rede social:
“Momento preocupante o que estamos vivendo, porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a operação Lava Jato, que é a esperança para que a dinâmica das relações institucionais em nosso país venha a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público. Expresso o respeito e a confiança no ministro Sérgio Moro”.
Recado dado, recado ouvido! Toffoli eliminou da pauta o julgamento de prisão em segunda instância e continua às ordens dos senhores generais!
Uma vez mais fica evidente como o poder Judiciário está mancomunado – e blinda aliados do PSDB – com a ofensiva contra a nação e a democracia que pariu Bolsonaro para entregar nossa soberania e destruir os direitos do povo trabalhador.
Misa Boito