Monopólio na educação privada cresce no Brasil

Conglomerados educacionais antes presentes principalmente na educação superior agora avançam no controle de outros segmentos educacionais como ensino básico e materiais didáticos. O maior grupo educacional brasileiro, Cogna, se fundiu neste ano com o grupo Kroton, proprietário de diversas redes de ensino superior. Especializada em redução de custos a Kroton agiu no mercado de universidades privadas como um rolo compressor sobre direitos e conquistas.

Agora, unidos no grupo Cogna estão redes de universidades particulares como Anhanguera, Unopar, Fama e outras. E redes de escolas como a Pitágoras. O grupo também é dono de redes de escolas de inglês como a Red Ballon e marcas editoriais didáticas como Ática, Scipione, Saraiva e muitas outras. Também passaram a dominar diversos sistemas de ensino (apostilas) como Anglo, Mackenzie, Ético e outras.

Uma das práticas do grupo é de demissões massivas de docentes periodicamente para evitar evolução do plano de carreira dos professores. Em 2020 demissões em massa chegaram a ser questionadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Crescimento no ensino básico
Uma das empresas do grupo Cogna é a Vasta, dedicada a atuação no mercado de educação básica do grupo, com um crescimento previsto de 35% no quarto trimestre deste ano.

Esse crescimento nos lucros também se dá com o fato do conglomerado possuir mais de 40 empresas diferentes em seu braço educacional. De sistemas de gestão escolar a plataformas paradidáticas digitais e outros serviços.

Influência sobre as políticas educacionais
Uma das características principais deste movimento de monopólio educacional é que ele passa a esticar seus tentáculos para dentro da definição das políticas públicas e na transferência de recursos para conglomerados educacionais privados por meio de financiamentos.

Um bom exemplo disso foi a nomeação da presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (ANUP), empresária Elizabeth Guedes, irmã do ministro Paulo Guedes, (ministro da Fazenda do governo Bolsonaro), para ocupar uma vaga na Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação do MEC.

A ANUP tem em sua cúpula os principais conglomerados de educação do país: Cogna, Anhembi Morumbi e Yduqs (dona das Estácio de Sá). Um claro exemplo do lobby contra a nação brasileira destes conglomerados é a ação das empresas representadas pela irmã de Paulo Guedes junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da limitação da abertura de vagas para cursos de medicina para criar uma reserva de mercado e inflar os preços das mensalidades.

Conglomerado inclui cursos de tortura
O Curso Preparatório AlfaCon sediado em Cascavel integra a Somos Educação, parte da Cogna.

Em outubro de 2019 o site A Ponte denunciou aulas de tortura e execução dadas pela AlfaCon. Nas aulas de Código Penal e Direito Processual Militar “eram ensinado como matar suspeitos ou torturá-los”. Foi no AlfaCon que Eduardo Bolsonaro fez uma “aula” de campanha eleitoral afirmando que era preciso de “um cabo e um soldado para fechar o STF”.

O curso preparatório ficou famoso por instruir em suas aulas como policiais deveriam fazer câmaras de gás nas viaturas. O caso ficou em evidência com a morte de Genivaldo de Jesus Santos, assassinado por Policiais Rodoviários Federais após ser preso e jogado na viatura onde foi submetido à “câmara de gás” na viatura.

Manuel Medeiros

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