Não tem acerto

Depois que Bolsonaro escancarou no ato da Avenida Paulista em 7 de setembro seu verdadeiro e único objetivo, as forças que o criaram entraram em campo para colocar panos quentes. Dispensa comentário a crença de que Temer, que sentou na cadeira da presidência por um golpe, esteja preocupado com a democracia. Dispensa comentário a tolerância das instituições diante da fala do presidente, instituições que bancaram o impeachment sem crime.

O pessoal de cima sempre tenta se acertar quando os de baixo começam a gritar. Neste caso fazendo crer ser possível conviver com o governo Bolsonaro e estancar os ataques aos direitos e à democracia que se aprofundam neste país desde 2016. E os de baixo começaram a gritar. Não por questões abstratas, não em defesa destas instituições cada vez mais desacreditadas, mas como resultado das condições dramáticas que o povo vive.

Ninguém aguenta mais! Ninguém se engana mais! Com este governo não dá!

Acertos entre as instituições podem acomodar os que no andar de cima mantém e aumentam seus lucros, seus privilégios e fazem seus banquetes, mas o povo sente as agruras que passa.

Mais de dois milhões de família foram jogadas à situação de miséria nesses quase dois anos de governo. Menos emprego, menos salários e menos direitos assombram a classe trabalhadora. Menos educação e mais obscurantismo jogam o país num pântano. Mais privatizações e menos soberania nacional. Menos serviços públicos e mais privilégio para as castas do judiciário e mais benefícios para militares e policiais, enquanto o povo padece no abandono. A proposta de Emenda Constitucional da reforma administrativa (PEC 32) em tramitação no Congresso está aí para provar.

Mas a resistência dos trabalhadores, em particular dos três níveis do serviço público, contra a PEC 32, também está aí para mostrar o caminho. É lutar, é resistir para derrotar o governo e sua política, que aliás é apoiada por muitos do que hoje se mostram avexados com o projeto de imperador que criaram.

Uma reflexão se impõe. Como chegamos até aqui? Chegamos porque o caminho traçado pelas instituições, hoje em crise, tem uma única rota: preservar os interesses das classes dominantes e a subjugação do país aos interesses do imperialismo. Esta reflexão o Diálogo e Ação Petista se propõe a fazer, no ciclo de debates a ser lançado em 9 de outubro: “a crise das instituições e a Constituinte Soberana”. Discussão que caminha com a ação direta na luta da classe trabalhadora que precisa ser reforçada e ampliada, “agindo como o PT agia”. O que nos guia não é o calendário eleitoral, mas a necessidades prementes do povo.

O próximo 2 de outubro por “Fora Bolsonaro e seus generais”, que será bem mais fortalecido se Lula se fizer presente, deve ser preparado nas fábricas, nos bairros, nas escolas e todos os locais de trabalho. Ok, todos que são por “Fora Bolsonaro” tem seu lugar. O nosso é levantar as demandas do povo que movem a luta pelo fim deste governo: emprego com direitos, moradia, fim da fome, educação e saúde públicas, soberania nacional. Tudo que os governos pós golpe de 2016 estão atacando e que para retomar, exige uma verdadeira ruptura com o estado de exceção instalado com o golpe e com as forças e partidos que o sustentaram.

Acabar com este governo, o quanto antes melhor, é a vacina contra a peste que contamina o Palácio do Planalto e impõe o sofrimento ao povo.

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas