Em 4 de agosto, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saiu ileso de um atentado com explosivos (portados por drones) que explodiram perto do palanque onde discursava num ato pelo 81º aniversário da Guarda Nacional em Caracas. Sete militares ficaram feridos na ocasião.
O objetivo do atentado não era só o presidente, pois ao seu lado estavam autoridades civis e militares, além do comando político do chavismo. Se tivesse obtido sucesso, a ação poderia ter jogado o país num caos que abrisse as portas para uma intervenção externa.
Esse atentado veio somar-se a sucessivas ações de desestabilização do governo da Venezuela nos planos econômico (bloqueio e sanções dos EUA), diplomático (via OEA) e da mídia internacional (que falou em “suposto” atentado).
Hoje, a oposição interna está em seu pior momento, dividida, sem iniciativa e desprestigiada diante de sua própria base social, o que se expressa em seu silêncio nas ruas.
Colômbia na jogada
Assim, um setor da oposição joga suas fichas na divisão das Forças Armadas para viabilizar um golpe militar. E o faz com ações combinadas com o governo Trump e com a burguesia da Colômbia, que controla máfias do contrabando na fronteira sob as vistas grossas do governo Santos, cujo país abriga sete bases militares dos EUA.
Uma reportagem da rede Bloomberg, especializada em finanças, do mês de junho, mostrou com nitidez como a Colômbia serve como base de operação e financiamento dos planos golpistas, que incluem ações de paramilitares.
O presidente recém-eleito da Colômbia, Ivan Duque (que foi apoiado pelo ex-presidente direitista Uribe), entrevistou-se com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, em 5 de julho. “Falamos sobre a situação da Colômbia, sobre nossa agenda de segurança, falamos também da situação que está vivendo o continente por causa da ditadura da Venezuela”, disse Duque em coletiva de imprensa à saída da Casa Branca.
Atentado e medidas econômicas
O atentado ocorre num momento em que Maduro anuncia um plano de recuperação econômica, com reordenamento da política monetária e cambial, revisão do subsídio à gasolina (a mais barata do mundo) e uma despenalização (anulação da lei de ilícitos cambiais) no mercado de divisas para tirar a influência do dólar paralelo na formação dos preços.
Regiões fronteiriças colombianas tem sua economia dependente do saqueio ao combustível venezuelano. Fala-se em perdas anuais para a PDVSA (estatal petroleira) da ordem de 12 bilhões de dólares, o que representa cerca de 150% das reservas internacionais do país. As medidas econômicas anunciadas, pela primeira vez, colocam em xeque essa situação.
O que não significa que se esteja mudando as relações sociais de produção capitalista no país. O que o governo Maduro pretende é enfrentar o cerco e superar seus próprios erros na condução da economia.
Desde o Coletivo Trabalho e Juventude convocamos o povo trabalhador à unidade em defesa da nação contra o imperialismo e seus lacaios. O que implica defender o mandato constitucional de Nicolás Maduro como parte da defesa da soberania da nação.
Ao mesmo tempo, continuaremos a participar nas mobilizações dos trabalhadores e do povo em defesa de suas legítimas reivindicações de proteção da economia popular diante da hiperinflação e do desabastecimento, exigindo medidas duras contra os especuladores que lucram com essa situação.
Maracaibo, 7 de agosto de 2018
Alberto Salcedo