Paris, 3 de setembro de 2016: reunião diante do túmulo de Leon Sedov

Tradução: Claudio Soares

A seção francesa da 4ª Internacional, Corrente Comunista Internacionalista do Partido Operário Independente (CCI) decidiu prestar homenagem a Leon Sedov, Leon Trotsky e a todos os militantes operários vítimas do stalinismo, no dia 3, sábado, no cemitério parisiense de Thiais, diante do túmulo de Leon Sedov. Há mais de 30 anos, a seção francesa organiza, a cada ano, essa homenagem num sábado de manhã após a data de aniversário do assassinato de Leon Trotsky, em 21 de agosto de 1940, no México, por Ramon Mercader, agente de Stálin.

Neste ano, a Direção Nacional da CCI decidiu organizar uma iniciativa específica, no dia 3 de setembro.

  • de manhã, às 10h30, ocorreu a homenagem tradicional da seção francesa da 4ª Internacional diante do túmulo de Leon Sedov, dirigente da 4ª Internacional assassinado pela GPU;
  • à tarde, às 14 horas, uma reunião pública da 4ª Internacional foi realizada, no decorrer da qual se prestou uma homenagem ao combate de Pierre Lambert, destacando particularmente a sua contribuição fundamental na construção do partido revolucionário, pela implantação na classe operária e suas organizações.

Neste número 822 de A Carta de A Verdade, prestamos contas dessa manhã do dia 3, apresentando as duas intervenções, de Andreu Camps e de Lucien Gauthier, e publicando a intervenção feita por nosso camarada Robert Fabert, dirigente da seção guadalupense da 4ª Internacional, diante do túmulo de Leon Sedov.

Com relação à prestação de contas da reunião pública da 4ª Internacional da tarde, foi decidido realizar uma brochura reunindo o conjunto das intervenções e das mensagens.

Dia 3 de setembro de manhã: reunião diante do túmulo de Leon Sedov

No dia 3 de setembro, pela manhã, no cemitério de Thiais, ocorreu uma reunião, convocada pela seção francesa da 4ª Internacional, diante do túmulo de Leon Sedov (dirigente da 4ª Internacional e filho de Leon Trotsky, assassinado por ordem de Stálin).

Robert Fabert, dirigente da seção guadalupense da 4ª Internacional, fez ali uso da palavra, e publicamos abaixo seu discurso (cf. II).

Andreu Camps, em nome do Secretariado Internacional (SI) da 4ª Internacional, citou os trabalhos da reunião do Secretariado Internacional ocorrida em 31 de agosto e 1º de setembro. Ele informou a respeito de importantes discussões realizadas sobre a apreciação da situação política mundial.

A crise mundial se concentra e se exprime antes de tudo na crise da classe dominante estadunidense. A campanha das primárias revelou a profundidade da crise da burguesia estadunidense. O imbróglio das relações entre seus aliados, seus ex-aliados e os novos aliados que eram ontem os inimigos dos Estados Unidos exprime sua incapacidade de assegurar plenamente as tarefas de defesa da ordem mundial imperialista.

Nessa situação de crise e de decomposição generalizadas, a União Europeia está em vias de desmembramento. Todos os governos da União Europeia estão igualmente em crise. A luta contra a União Europeia se concentra na luta da classe operária, em cada país, contra seu próprio governo imperialista, e não no terreno de um soberanismo de extrema esquerda, que é uma forma de integração à união nacional e retira a responsabilidade dos governos, principalmente o alemão e o francês.

Nessa situação, o capital precisa dar um passo a mais na ofensiva de destruição da classe operária e de suas organizações. Andreu Camps lembrou que a existência de organizações, principalmente os sindicatos, constituindo e organizando a classe operária como classe, é a base, o ponto de apoio, para a resistência da classe operária e a luta de classes.

Por esse motivo, ele prestou contas da discussão do SI sobre um aspecto particular: a preparação de uma nova conferência mundial não pode se situar no terreno de simples declarações contra a guerra, ou seja, do pacifismo. Trata-se, ao contrário, de preparar essa conferência mundial no centro do movimento operário, procurando os setores do movimento operário, políticos e sindicais, significativos para participar dessa conferência mundial.

Andreu Camps abordou também o combate pela construção de seções da 4ª Internacional, dando o exemplo da Europa e principalmente da Espanha, mas também o da América Latina e mais particularmente o do Brasil.

Lucien Gauthier, em nome da seção francesa da 4ª Internacional, assinalou o significado da aplicação do estado de emergência na França e, nesse quadro, da repressão contra os sindicalistas.

Ele abordou ainda a situação política e as tarefas que decorrem da assembleia que reuniu 1.800 militantes em 4 de junho último, com a proposta de constituir comitês de ligação e de trocas.

A reunião se concluiu ao canto de A Internacional e com o convite à participação, às 14 horas, da conferência em homenagem a Pierre Lambert.

Intervenção de Robert Fabert

“Caros camaradas, caros amigos,

Esta é a primeira vez que participo dessa reunião organizada pela seção francesa da 4ª Internacional. É uma honra para mim tomar a palavra a seu pedido.

Esta reunião se realiza alguns dias depois da data de aniversário do assassinato de Leon Trotsky pela GPU.

Eu não quero fazer amálgamas, nem comparações abusivas, mas gostaria de dizer que esta reunião ocorre alguns dias (20 dias) depois do assassinato do jovem camarada Davidtchen; uma semana antes da realização do 1º congresso da jovem seção haitiana da 4ª Internacional.

Esse jovem combatia, com sua organização, o Moleghaf (Movimento de Liberdade, Igualdade dos Haitianos pela Fraternidade), pela retirada das tropas de ocupação da ONU de seu país, o Haiti. Ele combatia também contra as más condições de trabalho e o salário de miséria dos jovens de seu bairro, Fort National (em Porto Príncipe), impostos pelas ONGs, em particular a UNOPS, uma agência da ONU.

No quadro desse combate, ele foi assassinado pelo imperialismo e seus braços armados.

É preciso acrescentar que ele não era membro da 4ª Internacional, mas desenvolvia esse combate ao lado dos camaradas da jovem seção haitiana da 4ª Internacional.

Essa é a razão pela qual esses camaradas, em sua maior parte jovens como Davidtchen, são também agredidos e ameaçados de morte pelos mesmos assassinos.

O assassinato de Leon Sedov, a quem rendemos homenagem hoje, não interrompeu o prosseguimento do combate.

O assassinato do jovem Davidtchen e as ameaças que pesam sobre nossos camaradas não vão impedir o combate de continuar.

Para terminar, direi que, em minha opinião, essa é a razão pela qual Leon Trotsky, em 20 de fevereiro de 1938, alguns dias depois do assassinato de seu filho Leon Sedov, o combatente, como ele dizia, dedicou sua homenagem à juventude proletária.

É essa juventude que o imperialismo e seus braços armados querem assassinar. É a chama da revolução que eles querem assassinar! Mas não conseguirão! Viva a 4ª Internacional!”


Tradução da “Carta de A verdade”nº 822 de 13 de setembro de 2016, publicação da seção Francesa da 4ª Internacional.

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