Alberto Salcedo, de Maracaibo (4 de novembro)
A oposição pró-imperialista venezuelana recebeu com satisfação a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do Brasil.
Seus líderes pediram ao novo presidente eleito que intervenha na Venezuela de acordo com seus objetivos políticos. Assim, o ex-presidente da Assembleia Nacional e líder do partido “Primero Justicia” de extrema direita, Julio Borges, através do twitter, felicitou Bolsonaro e o convidou “a trabalhar pelo resgate da democracia na Venezuela”.
Borges atualmente é um fugitivo do sistema de justiça venezuelano e se abriga na Colômbia, acusado de conspiração e de ser o autor intelectual do ataque terrorista realizado em agosto passado contra o presidente Nicolás Maduro.
Na mesma linha se posicionaram Maria Corina Machado e Lilian Tintori, ambas do partido “Voluntad Popular”. O ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, outro fugitivo que reside atualmente na Espanha, também elogiou Bolsonaro como “um aliado para enfrentar o governo”.
Por seu lado, Bolsonaro reafirmou seus compromissos com Donald Trump e a política externa de Washington. Ele prometeu romper relações diplomáticas com a Venezuela e respaldar as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. O resultado que lhe favoreceu nas eleições brasileiras faz supor um reforço na ameaça militar e maior cerco financeiro e econômico à nossa nação.
Nova ordem geopolítica? O triunfo eleitoral de Bolsonaro poderia fazer com que o Brasil se convertesse em exemplo, para os demais países da América Latina e do Caribe, da nova ordem geopolítica e econômica que pretende instaurar o grupo dominante no governo dos Estado Unidos, os chamados “neoconservadores”.
Para retomar o controle de seu “quintal”, tal plano imperialista teria uma base econômica com a absorção pela Aliança do Pacífico (acordo de livre comércio dos Estados Unidos com países como Peru e Chile) das atuais estruturas econômicas supranacionais (ALBA e Mercosul). No plano político, se trata de substituir os regimes que opõem resistência aos ditados de Trump, como a Bolívia e a Venezuela, por regimes alinhados ao de Maurício Macri na Argentina, do direitista Iván Duque na Colômbia e, com sua guinada à direita, o de Lenin Moreno no Equador.
Ao mesmo tempo, não se pode perder de vista que no interior da virada atual ocorrida no Brasil, convivem tendências contraditórias, dentre elas a mobilização e a resistência do povo trabalhador brasileiro, que hoje se entrelaça com a mobilização dos trabalhadores de todo o continente e o combate que levamos na Venezuela contra a ingerência imperialista, em defesa da soberania nacional e de nossas conquistas trabalhistas e sociais.
É no terreno do enfrentamento com o imperialismo e seus lacaios, o que certamente vai se acentuar, que se decidirá o futuro dos povos e nações da América Latina.