Tempos de turbulência

Com Donald Trump, abre-se uma nova etapa da crise de dominação imperialista.

Diante do resultado eleitoral nos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump, não faltam vozes a alardear que o mundo passa por um processo de “endireitamento”. Alarde que encobre o que de fato acontece.

Primeiro, mistura processos diferentes, como o “Brexit” na Grã-Bretanha (onde a maioria votou pela saída da União Europeia cujos ditames atacam direitos e serviços públicos) e a eleição de Trump (que em grande medida expressou a revolta com o “establishment”).

Outra coisa são os resultados eleitorais que mostram uma sanção aos partidos que no governo aplicam políticas que se chocam com suas bases sociais, resultando numa forte abstenção nos setores operários. Uns deles há mais tempo; É o caso do Partido Socialista do presidente francês, Hollande, que amarga uma popularidade de 4%, ou do PS chileno, da presidente Bachelet que nas últimas eleições municipais de outubro no Chile, com 66% de abstenção, foi desalojado das principais cidades do país. No caso do Brasil, esse processo de afastamento, mais recente, e no qual o PT não está condenado a prosseguir, impôs a derrota histórica nas eleições municipais de 2016. Nesses casos, falar em “endireitamento” é encobrir a responsabilidade das direções.

Nessa edição, as duas páginas (11 e 12) dedicadas aos Estados Unidos, trazem os elementos da situação de crise no coração da maior potência imperialista. No quadro de uma situação de incerteza mundial, na qual o imperialismo estadunidense – apesar de há muito tempo ter necessidade de um poder forte para quebrar a resistência da própria classe operária dos EUA e de todo mundo – está mergulhado numa crise que lhe enfraquece, a eleição de Trump é uma nova etapa da crise de dominação imperialista.

Uma etapa que coloca de maneira aguda para os trabalhadores e todos os oprimidos que resistem para se defender que buscam servirem-se das organizações que construíram a necessidade de passar à ofensiva para pôr fim ao sistema da propriedade privada dos grandes meios de produção que empurra a humanidade para a barbárie.

No Brasil, o governo golpista, pego no contrapé, pois apostava as fichas em Clinton, publicamente na voz do ministro Serra, está decidido a acelerar a destruição das conquistas da classe trabalhadora e está exposto à existência de organizações construídas pela classe, em particular o PT e a CUT, para avançar na sua política de terra arrasada.

No último dia 11, novamente a chamado da CUT, greves e manifestações em defesa dos direitos ocorreram em todo o país. Também de norte a sul, a juventude ocupa escolas e universidades contra a famigerada PEC do teto de gastos e os estudantes vão realizar no dia 29 de novembro uma marcha a Brasília quando a PEC deve ser votada no Senado.

Essa resistência que é preciso aprofundar e unificar.

É, nesse caminho, que urge o combate pela reconstrução do PT. Uma reconstrução que começa pela reorientação política, deixando para trás a adaptação às instituições e a conciliação de classe que marcou esses 13 anos de governo, mesmo se houve conquistas. É preciso reconstruir o PT, reatar com seus compromissos originais, que fizeram do PT o partido com a vocação de conduzir a maioria oprimida da nação na luta pela soberania.

O 6º Congresso do PT convocado para abril do próximo ano, ainda que limitado pela manutenção do PED para escolha das direções municipais e delegados ao Congresso Estadual, deve ser um momento desse combate pela reconstrução.

A Corrente O Trabalho do PT que nesse mês de novembro completa 40 anos, lado a lado com os companheiros e companheiras do Diálogo e Ação Petista e de todos que estão se agrupando nos Diálogos Itinerantes, está comprometida com este combate.

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