“Um mundo em colapso”

Manchete do jornal francês exprime assombro diante da queda da bolsa e crise geral do sistema

Não é o coronavírus que está provocando a crise econômica, mas ele é o seu revelador e acelerador.

A fragilidade do sistema capitalista mundial em crise se manifesta de maneira brutal. O caráter parasitário da economia, chamado de “financeirização”, está sujeito aos menores caprichos da situação mundial. Mesmo antes da declaração de pandemia, a economia mundial já estava à beira da ruptura com a crise do petróleo e a queda do preço do barril e a guerra comercial de Trump lançada contra a China e a União Europeia. Há vários meses vem sendo anunciada a irrupção de uma nova crise financeira, mais profunda que a de 2008. A pandemia é um acelerador do conjunto dos elementos desta crise.

A reação dos governos das grandes potências imperialistas é significativa: Trump libera várias dezenas de bilhões de dólares para salvar empresas americanas. O FED, banco central dos EUA, disponibiliza para as empresas 1,5 trilhões de dólares (os lucros dessas empresas no último ano chegaram a 2 trilhões de dólares). Os governos da União Europeia, em particular da França, Espanha, Alemanha e Itália, fazem o mesmo. Por outro lado, os trabalhadores são submetidos a novas medidas restritivas, ao desemprego ou pior ainda, às demissões, de qualquer maneira a chave para a redução de sua renda de subsistência.

Esta crise revela todas as características reacionárias e podres do sistema capitalista mundial. Basta ver como a destruição dos sistemas de saúde na Europa (fechamento de leitos, extinção de postos de trabalho) levou os hospitais hoje à beira da explosão, com a impossibilidade definitiva de tratar todos os doentes.

Nos Estados Unidos, onde não existe sistema de seguridade social, grande parte da população encontra-se sem qualquer acesso à assistência médica, e isso na primeira potência imperialista do mundo.

E o que dizer de países africanos que, por causa da pilhagem pelas grandes potências imperialistas estão privados de sistemas de saúde verdadeiros e incapazes de poder tratar da população?

Em todos os países, em nome da pandemia, os governos pedem uma “união sagrada”.

Utilizando a pandemia, dizem aos trabalhadores e suas organizações que não é o momento de reivindicar, enquanto bilhões são despejados aos patrões. Chamam todas as organizações a cerrar fileiras em torno do governo, ou seja, dos representantes dos capitalistas. Na Argélia, o primeiro-ministro pede que cessem as manifestações por causa da pandemia. Na Espanha, as manifestações estão proibidas, mas as procissões religiosas da semana santa, não.

A pandemia é uma coisa séria que deve ser combatida para preservar a humanidade, mas os governos, que buscam preservar o sistema capitalista, são incapazes de assegurar a proteção da humanidade.

Este sistema capitalista, como mostra o exemplo da saúde pública – que é apenas um exemplo – é incapaz de garantir a defesa e a sobrevivência da humanidade. Sua política de pilhagem e destruição de direitos provoca as catástrofes humanitárias. A malária, uma doença curável, causou 435 mil mortes em 2018 (80% dos casos na África subsaariana), por falta de recursos financeiros e sanitários para tratar esses doentes.

O capital é pilhagem e guerras. Na Síria, desde o início da guerra, de uma população de 20 milhões de habitantes, houve 380 mil mortos e 6 milhões de refugiados.

Como afirmou a grande revolucionária alemã, Rosa Luxemburgo, a alternativa é clara: “socialismo ou barbárie”.

Lucien Gauthier

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