O país passa o pior momento da pandemia. No começo, quando eram poucos os casos de contágio, se chegou a suspender as atividade por três semanas. Na época, o presidente Luís Lacalle Pou (do Partido Blanco que encabeça uma coalizão de direita desde março de 2020), dava entrevistas todo dia se vangloriando da “excelente condução”, agora que a situação é alarmante, escassearam as entrevistas. Apesar de uma certa vacinação, o Uruguai é o hoje o primeiro país do mundo em mortes por milhão – média de 50 por dia, 4200 óbitos num país com uma população de 3,4 milhões, o recorde!
O sindicato dos médicos e a academia de ciências pedem a redução da mobilidade nas atividades não-imprescindíveis, com um salário emergencial de compensação.
Assessores científicos do governo pediram uma paralisação total por duas semanas. Mas o presidente segue sua chamada “liberdade responsável” que, na verdade, responsabiliza o povo pelos contágios, tirando o corpo fora.
Por outro lado, o país vive uma aguda crise econômica, agravada por uma política que atende as grandes empresas.
Por exemplo, o governo acaba de entregar por 60 anos o principal porto, Montevidéu, à uma multinacional, com o monopólio privado de fixação das tarifas.
Luta contra lei regressiva e privatizante
A Frente Ampla (coalizão da oposição que esteve 13 anos no governo) está apoiando uma iniciativa originada nos movimentos sociais de revogar uma brutal lei de responsabilidade fiscal – autoritária, regressiva socialmente, e privatizante -, aqui conhecida pela sigla LUC. A lei foi aprovada de sopetão pela direita no início do atual mandato, com apoio da FA a alguns dos seus artigos 435 artigos. Mas hoje, após muita polemica, e já com apoio da central sindical (PIT-CNT), um pedido constitucional de referendo para derrubar a LUC (total ou parcialmente), reuniu 600 mil adesões das 700 mil que são necessárias. Tantas adesões em plena pandemia indicam uma disposição de luta.
Nesta situação o PIT-CNT chama a uma paralisação de 24 horas contra o desemprego e o fechamento de 7 mil pequenas empresas que, ao contrário das grandes, não recebem apoio fiscal.
Por outro lado, a população mais necessitada nos bairros enfrenta o real problema da fome.
Um fenômeno importante é participação nas “ollas populares” (cozinhas comunitárias) que cresceram e já chegam a 350 ligadas numa Rede Nacional, o povo luta em busca de uma saída.
Correspondente