Venezuela: Constituinte antecipa eleições presidenciais

Em 23 de janeiro a Assembleia Na­cional Constituinte (ANC) pediu ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a organização das eleições presidenciais até 30 de abril próximo (o mandato de Nicolás Maduro terminaria em 2019).

Num cenário continental marcado pela pressão do imperialismo dos Estados Unidos para impor governos a seu serviço – fraude nas eleições em Honduras, condenação de Lula dando sequência ao golpe no Brasil – a anteci­pação das eleições na Venezuela se dá como resposta às pressões internas e externas contra a soberania da nação, dando a palavra ao povo soberano.

O chavismo vem de três vitórias segui­das eleitorais e políticas: a instalação da Assembleia Constituinte como poder supremo, a eleição de 20 dos 23 gover­nadores de estados e a eleição de 308 dos 335 prefeitos.

Ingerência de Trump e seus aliados

A decisão da Assembleia Constituinte foi rechaçada pelo Grupo de Lima – que reúne os governos da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia – no mesmo dia em que foi anunciada.

O governo do México abandonou seu papel de observador nas negociações entre governo e oposição que se dão na República Dominicana.

A porta-voz do Departamento de Estado do governo Trump, Heather Nauert, além de rechaçar a convocação das eleições, da mesma forma que a União Europeia, anunciou novas san­ções contra funcionários venezuelanos e a economia do país. Os governos da Colômbia e da Espanha retiraram seus embaixadores de Caracas.

O que fará a oposição?

Invalidada a inscrição da Mesa de Unidade Democrática (MUD, coalizão opositora), por ela responder a ações penais em sete estados, os dois principais partidos que a compunham, Ação De­mocrática (AD) e Primeiro Justiça (PJ), renovaram seu registro eleitoral, enquan­to a extrema direita de Leopoldo López, Vontade Popular, se negou a fazê-lo.

Os setores da oposição que vão às eleições oscilam entre um candidato único e os três que já se postulam, à busca de um “Macri venezuelano”, de perfil “gerencial” e apoiado pela mídia. Eles apostam na desastrosa situação eco­nômica do país – sabotagem econômica descontrole do abastecimento e preços, hiperinflação – para ter votos.

Situação econômica que é o ponto fraco do chavismo, sendo sofrida pelo povo trabalhador com a perda do poder aquisitivo dos salários que torna a vida cotidiana um caos.

Nesse quadro, a visita do secretário de Estado Rex Tillerson (EUA) a países da região em fevereiro pode servir para de­clarar um embargo do petróleo venezue­lano, além de buscar um consenso para novas sanções e o não reconhecimento dos resultados eleitorais.

O chamado antecipado às eleições presidenciais dá vantagem ao chavismo e permite prolongar uma contraofensiva de Maduro no plano político.

Mas sem medidas imediatas e con­cretas de combate ao caos econômico, não se pode subestimar a influência do imperialismo no cerco ao país e na viabi­lização de uma candidatura a seu serviço (até para denunciar depois os resultados que não lhe forem favoráveis).

As cartas estão na mesa!

Alberto Salcedo, de Maracaibo

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