Condenação injusta de Luísa Hanune é denunciada na ALESP

Publicado originalmente no site do DAP www.petista.org.br

A Assembleia Legislativa de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (3) uma coletiva de imprensa organizada pelo deputado estadual Teonílio Barba, líder da oposição e do Partido dos Trabalhadores na Casa, como parte da campanha internacional pela libertação de Luísa Hanune – dirigente do Partido dos Trabalhadores da Argélia presa injustamente desde maio deste ano e condenada no fim de setembro a 15 anos de cadeia.

Barba abriu a coletiva destacando a importância do tema. “Este é um momento importante em que damos destaque à campanha internacional contra a perseguição de uma companheira que está presa e agora condenada por fazer uma luta democrática em seu país, na qual o governo vem atacando vários dirigentes e autoridades políticas que se contrapõem ao regime”, declarou o deputado.

Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), conduziu a coletiva de imprensa. Em sua fala, Zocchi ressaltou que a FENAJ, em seu Congresso realizado em agosto, também aderiu à luta pela libertação de Luísa Hanune orientando todos seus sindicatos filiados a engrossarem a campanha.

Em seguida, Markus Sokol, membro da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores e do Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista, fez uma explanação baseada nos fatos disponíveis na imprensa. Sokol iniciou falando sobre o perfil e a trajetória de vida de Luísa, “uma fiel militante da causa social e das mulheres”.
Sokol analisou de forma breve o contexto político da Argélia, que vive massivas manifestações de rua todas as semanas, reunindo milhões de pessoas, desde fevereiro. Essas manifestações reivindicavam, inicialmente que Abdelaziz Bouteflika não se apresentasse para um novo mandato. “O povo argelino, vivendo em uma situação difícil, não queria um quinto mandato”, explicou.

“A queda do preço do petróleo e uma série de vários outros problemas fizeram com o que povo não aceitasse um quinto mandato de Bouteflika. E, num gesto de lucidez , ele retirou sua candidatura. Na sequência, foi cancelada a eleição prevista para o início de abril. O povo não queria aquela eleição com aquele sistema. Foi remarcada para o início de julho, mas o povo continuou protestando porque não queria eleições com esse ‘bando’. E essas eleições foram canceladas também. As manifestações que iniciaram repudiando um possível quinto mandato se transformaram em “fora o sistema!”, disse Sokol.

Em sua opinião, a prisão de Luísa Hanune é “um troféu”. “A Luísa é um troféu. Ela não é ex-presidente, ela não é presidente eleita, mas ela é uma liderança poderosa. E a prisão dela simbolicamente afirma uma condução do processo”, declarou.

Débora Pereira, secretária de Mulheres do PT paulista, enalteceu a realização da coletiva e comentou a falta de acesso às notícias dos fatos que acontecem na África.

“É muito difícil um fato que acontece na África repercutir aqui no Brasil, mas é importante que nós saibamos porque muito do que acontece lá tem a ver com o que estamos vivendo em nosso país, entre elas, essa escalada autoritária”, declarou.

Para ela, denunciar a condenação de Luísa Hanune na Argélia é uma forma de demonstrar a mesma solidariedade que os companheiros argelinos tiveram quando também aderiram à campanha pela liberdade do ex-presidente Lula.

“A Luísa foi extremamente solidária com o Lula e liderou um movimento pelo direito dele ser candidato e agora nós estamos retribuindo esta solidariedade fazendo com que o seu caso ganhe repercussão aqui no Brasil”, falou.

A secretária citou uma carta de apoio à Luísa assinada por todas as secretárias de Mulheres do PT em todo Brasil e concluiu dizendo que: “entendemos a trajetória da Luísa é uma trajetória de luta pela democracia pela conquista de direitos e pela liberdade de seu povo e sabemos que uma mulher ocupando um lugar como ela ocupava sempre estará vulnerável e por isso a importância da nossa solidariedade”.

João Batista Gomes, secretário de Mobilização da CUT São Paulo, afirmou que “é bom que a gente se aproprie dessas informações porque nós não sabemos quase nada sobre o assunto pela imprensa brasileira e isso não é por acaso”. Em sua opinião, “o que se passa na Argélia é uma revolução social na qual o povo quer derrubar o regime para poder ter o direito de continuar vivendo”.

“Temos que desenvolver essa campanha pela liberdade da Luísa aqui no Brasil. Na próxima semana, a CUT vai realizar seu congresso e é importante que nós façamos essa denúncia sobre a condenação arbitrária, até porque teremos várias delegações internacionais presentes”, explicou João.

Ribamar Passos, representante da Intersindical, parabenizou a iniciativa e comparou o momento político do Brasil com a situação da Argélia. “Nós sabemos que a prisão da Luísa representa o governo tentando dar exemplo para o povo, tentando retirar o povo da rua, assim como eles fizeram com Lula aqui no Brasil”, declarou.

Passos também afirmou que irá levar a discussão sobre o caso para a coordenação da sua central sindical e que irá se somar em todas as atividades da campanha internacional pela liberdade de Luísa Hanune. Em sua opinião, “é fundamental que a classe trabalhadora esteja inserida nesses processos porque não é uma prisão por um crime. É a prisão de alguém que luta e que defende a classe trabalhadora”.

Mohamed El Kadri, presidente da Associação Islâmica de São Paulo, considerou muito importante a campanha pela liberdade de Luísa Hanune por que traz para o Brasil os problemas dos países africanos.

“Eu queria lembrar aqui que não só na Argélia. Também na Tunísia o povo está saindo às ruas para protestar. Também no Egito, Sudão, na Líbia… Eu acho importante esta campanha para trazer a nós o que está acontecendo. Isso é uma maneira da gente se engajar porque nossas lutas são iguais. Só muda a forma de repressão”, disse.

Donizete, do PCdoB e representante do mandato da deputada estadual Leci Brandão afirmou que sua presença na coletiva era para registrar a solidariedade e apoio do PCdoB e dos comunistas.

“Apesar da distância que nos separa, nós estamos ligados pelos mesmos laços da solidariedade pela luta em defesa dos trabalhadores e do povo. Este momento vai passar e o povo argelino, assim como o povo brasileiro vai conseguir dias melhores”, concluiu.

A atividade reuniu jornalistas, dirigentes políticos (PT e PCdoB) e sindicais (CUT e Intersindical), e militantes de movimentos populares (JPT, JRdoPT, Diálogo e Ação Petista, movimento de moradia, entre outros). A íntegra da coletiva pode ser acessada clicando aqui.

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