Desemprego e pobreza na América Latina

De acordo com as previsões econômicas da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), em seu informe especial nº 5 de 30/06/20, a “economia mundial experimentará a sua maior queda desde a II Guerra Mundial” com uma redução do PIB mundial da ordem de 5,2%.

Nos EUA o arrefecimento chegará a 6,5% e na Europa a aposta é uma diminuição de 8,7%. No Brasil o tombo será ainda maior e alcançará uma redução de 9,2%, frente a uma queda de 9,4% de média na América do Sul.

Segundo o estudo a redução da produção de mercadorias pode variar negativamente de 13% a 32% em 2020. Essa queda histórica é explicada pelo colapso do comércio mundial de mercadorias devido a pandemia do coronavírus. Porém, é importante registrar que mesmo antes do isolamento social os índices econômicos mundiais já demonstravam uma grave crise.

Para a Cepal, o cenário econômico para América Latina indica enormes preocupações futuras para os países. Além de conviver com as repercussões negativas da queda do comércio mundial a região vai sofrer, também, com as pressões sobre a balança de pagamento, devido a diminuição dos preços das commodities. As previsões apresentadas no documento indicam uma redução de 39,3% dos preços para o setor de energia, de 6,1% para os Minerais e metais e de 5,9% para os produtos agrícolas e agropecuários.

Vale salientar, que as exportações na América Latina chegam a 20% do PIB da região e se distribuem, principalmente, entre os EUA (8,5%), China (2,2%) e União Europeia (1,9%). Ao analisar essas exportações o peso das commodities é muito significativo e irá impactar de maneira negativa na capacidade de arrecadação e de geração de riquezas no próximo período. Para a América do Sul a previsão é ainda pior com uma redução da ordem de 23% das exportações regionais, uma diminuição média dos preços de 11% e uma contração de 12% do volume das exportações.

O impacto do aprofundamento da crise econômica elevará a taxa de desemprego para 13,5% entre os países latino-americanos, um incremento de 2% de acordo com a previsão anterior a pandemia e 5,4% maior que de 2019. Em números absolutos estamos falando de 44,1 milhões de pessoas desempregadas, um acréscimo de 18 milhões frente aos 26,1 milhões sem emprego no ano passado.

Outra previsão preocupante é o aumento da desigualdade social. Segundo dados apresentados no informativo o número de pobres será acrescido de 45,4 milhões de pessoas, passando de 185,5 milhões em 2019 para 230,9 milhões em 2020 o que representa 37,3% de toda a população latino-americana. Já a pobreza extrema terá uma ampliação de 28,5 milhões de pessoas, chegando a 96,3 milhões em 2020, ou seja, 15,5% do total da população. Ao analisar especificamente o Brasil a previsão é que teremos a terceira maior elevação da pobreza no continente (7,7%), passando de 19,2% (2019) para 26,9% (2020), sendo superado apenas pela Argentina (10,8%) e pelo Peru (9,3%).

Bilionários acumulam mais fortuna
Por outro lado, o cenário da crise capitalista que aflige milhões de trabalhadores não afeta da mesma forma os mais ricos. Segundo informações da Oxfam, o coronavírus foi extremamente lucrativo para os 73 bilionários da América Latina e do Caribe que de 18 de março a 12 de julho (menos de 4 meses) viram suas fortunas aumentarem em U$ 48,2 bilhões. Destes bilionários 42 são brasileiros que obtiveram um acréscimo de U$ 34 bilhões em suas fortunas, passando de U$ 123,1 bilhões para U$ 157,1 bilhões. Isso tudo em um momento que a maioria dos trabalhadores brasileiros lutam, a cada dia, para manter o seu emprego/renda e sofrem com as políticas de destruição de direitos implementados pelo governo Bolsonaro, pelo Congresso e pelo Judiciário.

Juanito Vieira

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