Explosão da juventude na França

O assassinato de George Floyd, em 25 de maio, nos EUA, desencadeou uma onda internacional contra o racismo e a violência policial, sobretudo na juventude.

Essa onda encontrou a França já pontilhada por diferentes mobilizações. Metalúrgicos da Renault lutando para manter seus empregos; professores e pais de alunos contra o desmonte da escola pública imposto pelo governo a pretexto da pandemia; trabalhadores da limpeza hospitalar conquistando abono salarial; estudantes e pessoal universitário contra a destruição do ensino e da pesquisa, em especial pelo “ensino a distância”.

Em 2 de junho, uma massa de cerca de 80 mil pessoas, a maioria jovens, reuniu-se pedindo “Justiça para Adama” diante do principal tribunal de justiça de Paris. Adama Traoré é um jovem negro morto logo após ser preso, em 2016, numa periferia de Paris.

“Sem justiça, sem paz!”
Outros atos se sucederam, quase que diariamente, em toda a França.

A juventude não suporta mais a opressão de um poder que a condena à arbitrariedade policial, à precariedade e à miséria, agravadas por meses de confinamento e ameaças às liberdades.

Em crise – que vai se aprofundar por sua anunciada derrota nas eleições municipais de 28 de junho-, o governo Macron não recua. Quer aproveitar a pandemia para continuar atacando os direitos dos trabalhadores e os serviços públicos.

Mas a explosão da juventude coloca tudo em questão, faz voar em pedaços inclusive o estado de emergência, em vigor desde março, que proíbe concentrações de mais de 10 pessoas.

Em 13 de junho, os jovens estavam novamente nas ruas de inúmeras cidades. Eram dezenas de milhares outra vez exigindo “Justiça para Adama”, gritando “Vidas negras importam”, “Não posso respirar”.

Em Paris, concentraram-se na tradicional Praça da República, mas foram impedidos pela polícia de sair em passeata. Realizaram lá mesmo seu ato público, mantendo-se firmes e calmos durante horas, rejeitando provocações da polícia e de grupos de extrema-direita.

Em 16 de junho, milhares de trabalhadores da saúde manifestaram-se em toda a França – 20 mil em Paris – para exigir EPIs, contratação de mais funcionários, ampliação do número de leitos, aumento salarial, como fazem desde o início da pandemia, que já matou 30 mil franceses.

Uma vez mais enfrentaram a violência policial que nunca deixou de existir, mas agravada desde o início do movimento dos Coletes Amarelos, em 2018.

Correspondente

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