O jogo de governadores do PT na previdência

A bancada de deputados do PT votou contra a reforma da Pre­vidência. Mas, apesar da resolução unânime do Diretório Nacional de março pelo voto “não”, três gover­nadores do PT, confundiram a po­sição do PT aos olhos do povo, ou até ajudaram na votação: 65% dos deputados do Nordeste votaram a reforma, um paradoxo no reduto de votos de Lula.

Como?

Oficialmente, todos os “nove go­vernadores do Nordeste divulgaram uma carta (06/06) em que defendem a manutenção dos Estados na re­forma da Previdência e se mostram contrários a pontos vitais, como a desconstitucionalização das regras de aposentadoria e o sistema de capitalização” (UOL, 06/06). En­trando no jogo, depois da retirada de alguns pontos, eles seguiram tentando incluir os Estados na reforma.

Wellington Dias

O governador do Piauí chegou a propor apoiar a reforma em troca de recursos muito discutíveis para os estados (tirando do Pré-sal que é destinado para saúde e educação, da securitização da dívida e uma re­visão do fundo de participação dos Estados). “Se tivermos uma reforma onde seja assegurada que haja com­promisso de solução com essas novas receitas para o déficit da Previdência (estadual), a nossa posição é que devamos estar dialogando com os parlamentares dos nossos Estados no sentido de garantir o quórum necessário para a votação”, disse o governador Wellington (PT), do Piauí (OESP, 26/06).
Camilo Santana

“Parlamentares confirmam que, em acordo com o presidente da Câma­ra, chefes dos executivos estaduais, entre eles, o cearense Camilo Santana (PT), atuaram nos bastidores para ‘ajudar’ na aprovação. Um deles é o deputado Domingos Neto (PSD). Ele afirmou que Camilo o ligou sina­lizando votação favorável à reforma, cumprindo o combinado com Rodri­go Maia.” (Diário do Nordeste, 11/07) Rui Costa

“Os aliados de Rui Costa vão vo­tar a favor do texto, após o próprio chefe do governo da Bahia, pedir que negociem a aprovação tendo como contrapartida a liberação de recursos para o estado”. Presi­dente do PSD na Bahia, o senador Otto Alencar disse que os depu­tados de seu partido vão votar a reforma depois de negociar com o governo Bolsonaro a liberação de recursos. Na reunião da segunda­-feira, o governador Rui Costa (PT) pediu que, na negociação, os parlamentares articulassem pro­jetos que devem garantir à Bahia R$ 4 bilhões” (Bahia Notícias, 10/07).

Flávio Dino
Mesmo depois da votação, a in­tegração dos Estados na reforma continua sendo pleiteada: “em entrevista ao Jornal da CBN, Flá­vio Dino (PCdoB) afirmou que os governadores tentaram inten­samente na Câmara um acordo com deputados para que Estados e municípios fossem incluídos na reforma, mas, se o Senado decidir que de fato eles ficarão fora, não haverá problema em dialogar com os deputados estaduais e aprovar um novo texto. O governador do Maranhão considerou que Câmara melhorou muito a proposta ini­cial” (site CBN, 15/07).

O que diz o PT?
Nesse festival de “esperteza”, esses governadores buscam, a pretexto da carência de recursos, uma saída onde garantam ambições e acordos com aliados, mas vendendo os servidores estaduais e os trabalhadores, ao in­vés de se apoiar no povo para rever incentivos fiscais, cortar isenções patronais e questionar a dívida com a União.
Eles não aprenderam nada com as derrotas sofridas devido à concilia­ção no governo federal.

Agora, com a reforma de Bolsona­ro, é uma vergonha e uma desmora­lização da militância, que a direção do PT, no mínimo, deve condenar.

Markus Sokol

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