Não foi a surpresa do 29M e não tão grande como o 19J, mas a jornada de 3 de julho, mesmo com pouco tempo de preparação, confirmou a tendência irreversível de manifestações de massa pelo fim do governo Bolsonaro.
A campanha Fora Bolsonaro – que reúne as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, centrais sindicais, partidos de oposição e movimentos populares – havia convocado manifestações para 24 de julho. Com a entrega do “super-pedido de impeachment” em 30 de junho no DF – na qual participaram até direitistas rompidos com Bolsonaro – os partidos pediram para antecipar os atos para 3 de julho, com centro no “impeachment já”.
Centenas de milhares de manifestantes foram às ruas em mais de 300 cidades, desta vez com maior presença de sindicatos e militância partidária. Enquanto nos carros de som lideranças falavam de impeachment, as palavras de ordem que vinham dos manifestantes não passavam por esse “buraco de agulha” institucional. Ouviu-se palavras de ordem como “fora Bolsonaro e Mourão”, “fora com todo o governo”, e, em particular a das colunas do Diálogo e Ação Petista que “pegou” na massa – “Ninguém aguenta mais! Fora Bolsonaro e seus generais!”.
“Não há ilusão no atual Congresso”
A CUT, cuja executiva hesitava em jogar toda a força nos atos de rua, reuniu a sua Direção Nacional em 1º de julho. A resolução por ela adotada afirma:
“Não há ilusão de que o atual Congresso, que acaba de aprovar a viabilização da privatização da Eletrobrás e que aplica medidas a favor dos grandes empresários, cuja maioria reacionária sustenta o governo, sob tutela militar, votará o impeachment de Bolsonaro a não ser com muita mobilização e pressão social. (…) A saída da crise virá da mobilização popular e da classe trabalhadora. Nossa prioridade é ampliar a politização de nossas bases e a mobilização nas ruas. O centro da atuação política da CUT é ‘FORA, BOLSONARO E SEU GOVERNO!’, acompanhado de nossa pauta sindical prioritária, associando as lutas específicas com a defesa da democracia.”
Um avanço para engajar toda a base cutista nas mobilizações de rua, o que deve se expressar nos atos de 24 de julho. Mas, como se busca “consenso” no “fórum das centrais” com a Força Sindical, UGT, CTB e outras, a orientação de “Fora Bolsonaro e seu governo” fica sob pressão de ser reduzida ao “impeachment já”. Aliás, foi o que ocorreu no texto adotado pela Campanha Fora Bolsonaro em 12 de julho, que convoca os atos do dia 24.
Preparar a Greve Geral
Nessa reunião da DN-CUT também iniciou-se a discussão sobre a preparação de uma greve geral pelo fim do governo Bolsonaro. Acordou-se que ela deve prosseguir, envolvendo todos os níveis da central. A resolução, já citada acima, indica: “Para isso é essencial avançar na construção de unidade e mobilização para um Dia Nacional de Luta com paralisações no mês de agosto, a partir da agenda de lutas dos Servidores Públicos”.
Sim, a classe trabalhadora deve entrar nas mobilizações por “Fora Bolsonaro” com seus próprios métodos de luta – paralisações e inclusive uma greve geral – para além de participar de forma organizada, levantando as suas reivindicações próprias, nas manifestações de massa, como a próxima convocada para 24 de julho.
Julio Turra