Estão matando a juventude em massa no Brasil. Os números são de genocídio. Segundo dados divulgados pelo “mapa da violência 2013” organizado pelo sociólogo Julio Jacobo Wasefilsz e o CEBELA (Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos), entre 1980 e 2010 foram assassinados 386.983 jovens entre 15 e 29 anos no país!
Esse número cresce ano após ano. Em 1980 foram registrados 3.159 assassinatos entre jovens. Em 2010 esse número chegou a 21.843! Segundo o estudo, entre as principais causas de homicídio está o conflito com a polícia.
Mais de 70% desses assassinatos são de jovens negros. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da Republica, estima que até 2016 cerca de 36 mil adolescentes entre 12 e 18 anos provavelmente serão vitimas de homicídio.
O que faz o governo para acabar com o genocídio?
No ano passado, o governo Dilma lançou em Alagoas os Planos Brasil mais Seguro e Juventude Viva, que pretende fazer de modelo para outros Estados.
O plano Brasil Mais Seguro foi implantado em junho de 2012, focando-se principalmente em repressão policial (compra de armas, viaturas, aluguel de helicópteros, video-monitoramento de ruas, construção de presídios, bases de polícia comunitária etc.).
Ao todo foram 95 milhões de reais investidos, e os resultados na diminuição dos índices de violência são quase nulos. Com mais polícia na rua, aumenta também o numero de casos de abusos de autoridade, espancamentos, e até homicídios executados pela polícia nas periferias, o que também é comum em todo o país. A impunidade alimenta as arbitrariedades e brutalidades cometidas por verdadeiros ‘bandidos fardados’.
Já o Plano Juventude Viva, anunciado como aquele que traria medidas na área de educação e políticas públicas para atender, inicialmente, os municípios de Maceió, Arapiraca, Marechal Deodoro, demonstra ser mais um plano para ações temporárias e paliativas que não irão cortar a raiz que gera a violência e a matança da nossa juventude, ou seja, a falta de serviços públicos voltados para o atendimento de jovens.
A maioria dos editais, ao invés de prever verbas para políticas públicas permanentes, se volta para oferecer dinheiro para projetos temporários que ONGs de todo os tipos tratam de abocanhar.
No ano passado, por ocasião do lançamento do Plano Juventude Viva, centenas de jovens de Alagoas que realizaram a 3ª Marcha contra as drogas, deram um recado ao governo ao exigirem investimentos em educação, saúde, moradia, saneamento, emprego, cultura, esporte e lazer.
Para estancar a onda de homicídios em Alagoas – que continua sendo o Estado mais violento do Brasil – é preciso que o governo assuma a responsabilidade e não entregue às ONGs, que ninguém controla, os recursos públicos.
Do mesmo modo, é preciso discutir a necessidade de desmilitarização da policia. As policias estaduais foram militarizadas em 1969 por um decreto da ditadura e permanecem assim até hoje, sendo um dos principais motivos para o assassinato de jovens.
Zazo
Artigo publicado no Jornal O Trabalho, edição 727