Às ruas, em defesa dos direitos, da democracia e da candidatura Lula
As mulheres são mais atingidas pelo desemprego que afeta a classe trabalhadora brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a já alta taxa de 10,5% de desocupação de homens, entre as mulheres chega a 13,4%!
O alto índice de desemprego – principalmente a queda do número de carteiras de trabalho assinadas – que pega em especial as mulheres, jovens e os negros, é consequência da política fiscal, das contrarreformas e dos cortes de investimentos públicos.
De fato, as mulheres trabalhadoras são as mais atingidas pelas medidas dos golpistas que tomaram o Brasil de assalto. Na contrarreforma trabalhista, por exemplo, não foi poupada nem a proteção à maternidade, com a permissão de que a gestante trabalhe em ambiente insalubre. Outro ponto é a flexibilização da jornada de trabalho por acordo individual – na verdade, imposição da empresa – que faz com que a trabalhadora possa ser obrigada a trabalhar longas jornadas no emprego, para voltar para casa e cumprir mais uma longa jornada de trabalhos domésticos (vão passar em média o dobro do tempo dos homens nas tarefas em casa).
É nessa situação que a CUT decidiu que, neste ano, sua jornada do 8 de março, o Dia da Mulher, tem como tema a Defesa da Democracia e dos Direitos. As sindicalistas vão defender os direitos das trabalhadoras, atacados pelo governo golpista, e dizer que isso tem toda relação com a necessária defesa do direito de Lula ser candidato. É por isso que o local decidido para o ato de lançamento da jornada foi justamente o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Com companheiras de partidos, como o PT, e movimentos sociais, a pauta do 8 de março traz reivindicações comuns a toda a classe trabalhadora, como a revogação da “reforma” trabalhista, a defesa da soberania nacional e da retomada da valorização do salário-mínimo. A jornada também combate a PEC 181, que impede o aborto legal até em caso de estupro ou de risco à vida da mãe.
Priscilla Chandretti
HISTÓRIA DE LUTA DAS TRABALHADORAS
A criação do Dia da Mulher foi iniciativa da 2ª Conferência de Mulheres Socialistas em 1910. Entre as delegadas estavam Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e Rosa Luxemburgo. Inicialmente, o Dia da Mulher não se realizaria numa data fixa, a primeira atividade na Rússia, por exemplo, foi em 1913, no dia 3 de março.
Na época, Kollontai escreveu sobre o assunto, defendendo que a organização do Dia da Mulher serviria como um fator de união da classe trabalhadora. “Como membros do partido, as mulheres trabalhadoras lutam pela causa comum da classe, enquanto ao mesmo tempo delineiam e põe em questão aquelas necessidades e as suas demandas que lhes dizem respeito mais diretamente como mulheres, como donas de casa e como mães. O partido apoia estas demandas e luta por elas. Estas necessidades das mulheres trabalhadoras são parte da causa dos trabalhadores como classe.”
Em 1917, as mulheres socialistas voltaram a organizar o Dia da Mulher, dessa vez marcado para 23 de fevereiro (que no calendário ocidental correspondia ao 8 de março). Na manhã do mesmo dia, operárias têxteis de Petrogrado entram em greve contra os salários miseráveis. Sua primeira ação foi se dirigir aos operários do bairro de Vyborg, pedindo seu apoio. Dois dias depois, a greve geral contava com 240 mil trabalhadores na cidade. Foi assim, com a iniciativa corajosa de operárias mulheres, a parte mais oprimida do proletariado, que teve início a Revolução de Fevereiro de 1917.