8 de março: lutar pelos nossos direitos!

Sobre a necessidade do Dia da Mulher, Kollontai (1913) escreveu: “ (…) a mulher trabalhadora é o membro mais degradado, tanto legal quanto socialmente, da classe operária. Ela foi espancada, intimidada, encurralada ao longo dos séculos…”. De fato, a luta da mulher trabalhadora contra a exploração e a opressão atravessa gerações e ganha toda atualidade: a pandemia da Covid-19 escancara as feridas do capital e mostra que os problemas do mercado de trabalho e da violência contra a classe trabalhadora atingem mais gravemente a mulher.

Com a taxa de desemprego no Brasil ultrapassando a marca de 14 milhões de pessoas (dez/20, IBGE), as mulheres são duramente atingidas, seja porque ocupam os principais setores afetados pela pandemia (hotelaria, alimentação, serviços domésticos), seja porque já eram maioria no trabalho informal mesmo antes de terem sido obrigadas a deixarem seus empregos para se dedicarem ao cuidado das crianças, com a paralisação das aulas presenciais.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela um aumento de 2% nos casos de feminicídio no Brasil no primeiro semestre de 2020, destacando que, apesar de o confinamento ter disparado os casos de violência doméstica no país, o número de registros de denúncias caiu. A mulher está desamparada diante da ausência de medidas de enfrentamento adotadas pelo governo.

As mulheres são as mais atingidas com os ataques desferidos pelo governo Bolsonaro. A tentativa de aprovação da Reforma Administrativa, pondo um fim a estabilidade do emprego é uma ameaça pois, pelo menos no serviço público, há a garantia de que elas consigam manter seus empregos depois que se tornam mães. Esse ataque ao funcionalismo público pesa mais sobre a mulher pois, mesmo se há desigualdade salarial, trata-se de um lugar onde ainda consegue ter respeitados seus direitos, tais como auxílio-creche, prorrogação de licença-maternidade e horário de lactante; direitos colocados em questão com essa reforma.

Violentadas, encurraladas e precarizadas de maneira ainda mais aguda durante a pandemia, as organizações dos trabalhadores como o PT e CUT estão chamadas a ocupar um lugar na luta pelo fim do governo Bolsonaro e organizar neste 8 de março mobilizações que integrem à necessidade da testagem em massa e de vacina para todos, a luta pelo fim da violência e em defesa dos direitos da mulher trabalhadora.

Maíra Oliva

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