Mortes por Covid-19 se alastram na Brasilândia, em SP. Moradores procuram se organizar e resistir

No dia 17 de abril a prefeitura de São Paulo divulgou dados que mostram o mapa da contaminação e da mortalidade da doença pela capital paulista, epicentro do coronavírus no Brasil. O mapa é um espelho da desigualdade social que assola o país. No Morumbi, bairro de alta renda, está o maior número de casos confirmados, 297, com um total de 7 mortes. Já na Brasilândia, um bairro de periferia, há “apenas” 83 casos confirmados, mas 54 mortes.

Os dados mostram aonde estão os testes e a estrutura de atendimento de saúde.

Um relato de Anderson e Lili militantes do “Diálogo e Ação Petista” e do diretório zonal do PT da Brasilândia divulgado no dia 20 de abril trata da situação do bairro e levanta algumas reivindicações:

“Sem atendimento adequado aos moradores, a Vila Brasilândia, na periferia da zona norte de São Paulo, é hoje, o bairro com o maior número de mortes suspeitas pela doença. Acumulam-se casos de pessoas que procuram os hospitais com sintomas de infecção pelo vírus e, sem fazer o exame, voltam para casa.

Foi o que aconteceu com o presidente do Diretório Zonal do PT – Brasilândia e Freguesia, e membro da coordenação estadual do DAP, Adilson Sousa. Encaminhado pela UBS local a um hospital que é centro de triagem na região, foi diagnosticado com pneumonia, medicado e dispensado. Mesmo apresentando os sintomas, não conseguiu fazer o teste. Os sintomas continuam e o companheiro está em casa, sem saber se está contaminado.

A Vila Brasilândia pertence ao distrito da Freguesia do Ó que tem mais de 400 mil habitantes. Os hospitais que atendem a população do distrito, já chegaram ou estão bem perto de chegar ao seu limite.

A disseminação da doença covid19 na Brasilândia, exige medidas urgentes e extraordinárias.
A principal delas é aumentar, agora, a quantidade de leitos para os que já adoeceram e necessitem de internação, além do atendimento correto, com testes para todos que procurem o sistema de saúde com os sintomas.

O Hospital da Brasilândia – iniciado na gestão do PT na prefeitura – teve a sua abertura prometida no começo de abril, com 150 leitos exclusivos para a Covid 19, mas ainda se encontra fechado. É preciso abrir seus leitos imediatamente, inclusive ampliar, usando a totalidade do prédio, com capacidade para mais de 300 leitos. Cobramos da prefeitura, comandada por Bruno Covas, o funcionamento completo do Hospital.

É possível aumentar leitos, reabrindo o HOSPITAL SOROCABANO. Localizado na Lapa – próximo ao nosso bairro – o Sorocabano já foi referência para tratamento da saúde dos moradores da Brasilândia. Fechado há anos, o terreno é do governo estadual e a população pede há muito tempo que o local seja cedido para que a prefeitura assuma, reforme, equipe e reabra o hospital. Assim, a liberação do local pelo governador João Doria pode ampliar o número de leitos para a região.

Nós, do grupo do DAP- Brasilândia, estamos nos unindo com outros moradores para construir um movimento forte de defesa de nossas vidas, que estão em risco com a pandemia, e a ausência do estado, para minimizar a catástrofe que já se anuncia e que só tende a piorar no próximo período.”

Os petistas na Brasilandia decidiram lançar um manifesto que convida moradores da região a se engajarem numa série de lutas que demandam dos governos as seguinte ações:

– Reabertura do Hospital Sorocabano na região da Lapa
– Abertura imediata do Hospital da Brasilândia, usando toda sua capacidade
– Testes para detectar o vírus na nossa população
– Distribuição imediata de alimentos, seja em forma de cartão merenda para todos os alunos da rede pública e/ou cestas básicas, incluindo produtos de higiene e limpeza, além de botijões de gás para as famílias carentes, além da Isenção do pagamento de água e luz e fim do racionamento de água na região
– Uma ação constante e forte de comunicação da prefeitura pelo bairro, usando todas as formas de comunicação, carros de som, panfletos, faixas, inclusive rádio e televisão orientando as pessoas da necessidade do isolamento social e higiene, para impedir a disseminação do vírus.

O manifesto na íntegra pode ser conferido aqui.

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