Lições de um 1° de maio marcado pelo Fora Bolsonaro

O 1º de Maio de 2020 realizou-se no Brasil através das redes sociais. O ato virtual de oito centrais sindicais foi o de maior repercussão.

Desde o início da transmissão às 11h30, a partir da TVT, expressou-se o mal estar com a presença de inimigos da classe trabalhadora na data que comemora a sua luta internacional contra a exploração capitalista, o que se prolongou ao longo do dia em postagens de “Fora FHC e golpistas do 1º de Maio”, vaias virtuais e outros protestos.

Em 30 de abril, a Executiva da CUT foi informada por Sérgio Nobre que Maia, Alcolumbre e Tóffoli não tinham enviado vídeos para o 1º de Maio. No debate, a esmagadora maioria dos dirigentes declarou-se contra a presença de FHC, mas a proposta de se fazer uma nota à base da central com esse posicionamento não foi adotada.

No mesmo dia 30, o deputado Paulinho da Força ainda tentava obter um vídeo de Rodrigo Maia e, já no 1º de Maio, Juruna, secretário geral da Força Sindical, protestou contra a não exibição da fala do governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e ainda ousou atacar a CUT, atribuindo a “exclusão” aos seus “radicais de esquerda” (FSP, 02/05).

Grande alcance, baixo conteúdo de classe
O 1º de Maio das centrais foi acompanhado por milhões em todo o país, intercalando intervenções culturais e mensagens políticas.

A mensagem que esteve à altura do momento crucial que a humanidade atravessa foi a de Lula. Dilma fez uma fala contundente e terminou com “Fora Bolsonaro”.

Já o mais ilustre penetra do evento, FHC, disse que “não é hora de nos desunirmos”, justo ele, que como presidente atacou os direitos trabalhistas e privatizou o que pode, apoiando depois o golpe contra Dilma e a prisão de Lula!

A fala das centrais sindicais foi, em geral, muito fraca. Neto (CSB) pregou acabar com a divisão entre “vermelhos e laranjas” (!?); Calixto (Nova Central) deixou nas mãos de Deus salvar o país; Patah (UGT) propôs união contra o “inimigo que é o vírus”; Bira (CGTB) falou em “frente ampla pela democracia” e Miguel Torres (Força) em “diálogo social com governadores e prefeitos”, pedindo a Bolsonaro que renunciasse.

O “Fora Bolsonaro” – que acabou marcando o 1º de Maio – apareceu ao final das falas de Sérgio Nobre (CUT), Adílson de Araújo (CTB) e Índio (Intersindical).

Chega de conciliação com os pelegos!
Um balanço se impõe. É preciso romper com a política de “unidade a qualquer preço” com as centrais sindicais pelegas, a qual rebaixa a pauta da classe trabalhadora, subordina a CUT a acordos de cúpula feitos no “Fórum das Centrais” e afasta verdadeiros aliados.

A unidade de ação é necessária em questões de defesa da classe contra os patrões e governos.  Mas não há unidade programática entre as centrais sindicais – como se viu neste 1º de Maio – que justifique um fórum permanente entre elas, ainda mais com a pretensão de “dirigir” o conjunto do movimento sindical.

Foi a CUT que garantiu toda a logística do 1º de Maio virtual, graças ao trabalho incansável de seus dirigentes e funcionários. A CUT não pode, portanto, acatar “ordens” vindas dos que insistiram em trazer inimigos da classe para o seu evento maior, sob pena dela deixar de ocupar o lugar que sempre teve de principal instrumento de luta da classe trabalhadora do Brasil.

Julio Turra

Lula: “A pandemia deixou o capitalismo nu”

Abaixo trechos da mensagem de Lula ao 1º de Maio:
“A História nos ensina que grandes tragédias costumam ser parteiras de grandes transformações. O que nós esperamos é que o mundo que virá depois do coronavirus seja uma comunidade universal em que o homem e a mulher, em harmonia com a natureza, sejam o centro de tudo, e que a economia e a tecnologia estejam a serviço deles , e não o contrário, como aconteceu até hoje.
No mundo que eu espero, o coletivo haverá de triunfar sobre o individual, a solidariedade e a generosidade triunfarão sobre o lucro. Um mundo em que ninguém explore o trabalho de ninguém, um mundo em que se respeitem as diferenças entre um e outro, um mundo em que todos, absolutamente todos, disponham de ferramentas para se emancipar de qualquer tipo de dominação ou de controle.
A pandemia deixou o capitalismo nu. Foram necessários 300 mil cadáveres para a humanidade ver uma verdade que nós, trabalhadores, conhecemos desde o dia que nascemos. A tragédia do coronavirus expôs à luz do sol uma verdade inquestionável: o que sustenta o capitalismo não é o capital, somos nós, os trabalhadores.
É essa verdade, nossa velha conhecida, que está levando os principais jornais econômicos do mundo, as bíblias da elite mundial, a anunciarem que o capitalismo está com os dias contados. E está mesmo. Está moribundo. E está em nossas mãos, nas mãos dos trabalhadores, a tarefa de construir esse novo mundo que vem aí.
Estamos todos lutando para sair das trevas e fazer chegar, o mais depressa possível, o amanhecer da justiça social, da igualdade e da liberdade.
Viva o povo trabalhador. Viva o 1º de Maio.”

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