PT 41 anos: fala o filiado nº. 1!

Mário Pedrosa, militante e pensador marxista, enviou a Lula a “Carta a um líder operário” em 1º de agosto de 1978, após voltar do exílio. Nela, Pedrosa antevê o surgimento do Partido dos Trabalhadores, do qual veio a ser o filiado número 1 no ato da fundação no Colégio Sion em 1980. A carta (trechos abaixo) repercutiu no processo em curso da luta pelo fim do regime militar, com manifestações de rua e, principalmente, greves operárias no ABC.

“Sem libertação é inútil falar de socialismo”
“Já se ouve o reboar desse movimento de classe que sobe das profundezas da terra de Piratininga para os sertões, do Prata ao Amazonas. Esse é o movimento histórico mais importante e fecundo da hora brasileira.

Quando Karl Marx, meu mestre, proclamou no século passado que ‘a emancipação dos trabalhadores seria obra dos próprios trabalhadores’ – esta verdade não se apagou mais da história.

Quando em 1914 abriu-se a matança interimperialista na Europa, e Lenine e Trotsky puderam arrancar a Rússia do massacre, derrubando o czarismo, e com uma audácia nunca vista tentaram implantar a primeira república dos Conselhos (sovietes); essa república, fundada apenas que fora por uma heroica minoria da classe operária de Leningrado e Moscou, cidades do vasto império russo, a República dos Sovietes não tardou porém a cair como a Comuna de Paris, e, em seu lugar, implantou-se a ferro e a fogo uma ditadura burocrática totalitária, com grandes realizações, sem dúvida, no seu acervo (sobretudo de ordem industrial e militar) mas imensos sacrifícios para o povo russo e seus camponeses e, até hoje, sem nenhuma liberdade.

No Brasil outro panorama começa a levantar-se. Quais são as forças motrizes da nova situação, capazes de convocar o povo, mobilizá-lo, guiá-lo pacificamente para uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita soberanamente pelo povo? Esta classe operária que você se empenha, com seus companheiros de trabalho, em organizar em sindicatos livres da tutela do Estado, com plena autonomia, direito de greve, contratos coletivos de trabalho e uma luta intransigente contra o peleguismo.

(…) Sem a libertação do movimento trabalhista é inútil falar-se em liberdade, democracia ou socialismo.”

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