Em eleições em meio à crise social e política, Pedro Castillo vai enfrentar Keiko Fujimori
Em 11 de abril ocorreram eleições para o Congresso e o 1º turno para presidente no Peru (com 18 candidatos, sete ditos de “esquerda”), em meio a uma aguda crise política, econômica e social no país, um dos recordistas em mortes e contágio pela Covid-19 na América Latina (com 33 milhões de habitantes, 50 mil óbitos pelas fontes oficiais).
Para surpresa geral – com 45% de abstenções, nulos e brancos – o mais votado foi Pedro Castillo do Peru Livre, organização que se reivindica da esquerda socialista (19% dos votos válidos), que vai enfrentar no 2º turno (6 de junho) Keiko Fujimori (13%).
Castillo, um professor rural que liderou greve nacional do magistério em 2017, foi o mais votado em 16 das 26 zonas eleitorais e seu partido o mais votado para o Parlamento (30 cadeiras sobre 130). Veronika Mendoza, candidata “progressista” ligada ao Foro de São Paulo e ao Grupo de Puebla, ficou em 5º lugar com menos de 8% dos votos válidos.
Polarização social no 2º turno
Ouvimos Erwin Salazar, da seção peruana da 4ª Internacional e dirigente regional da CGTP (central sindical): “As eleições foram um termômetro da indignação do povo diante da política genocida do presidente Sagasti e das instituições do regime, bem como um rechaço aos partidos políticos. É o que significa a votação em Pedro Castillo, somada aos votos nulos, brancos e abstenção”.
Sobre o 2º turno, ele nos disse: “Castillo diz que convocará uma Constituinte, como exigiram as mobilizações do período, Keiko defende a atual Constituição, decretada num golpe militar por seu pai em 1993. Castillo diz que vai nacionalizar as grandes minas, Keiko defende o ‘livre mercado’, isso é, as multinacionais. Castillo diz que fará reforma agrária, Keiko defenderá o latifúndio. Assim vamos propor às organizações sindicais e populares o voto em Pedro Castillo para que faça em seu governo o que disse na campanha, atenda as reivindicações urgentes do povo trabalhador e convoque uma Assembleia Constituinte”.
As próximas semanas serão de polarização social no Peru em torno do 2º turno, e a candidatura de Pedro Castillo um ponto de apoio, não só para derrotar a direitista Keiko – que terá apoio da grande mídia, do imperialismo e da burguesia local – mas para a luta do povo trabalhador peruano pela sua emancipação.
Correspondente