México: reformas de López Obrador não passam

Nos últimos meses houve pressão permanente do governo Biden dos Estados Unidos para deter o presidente mexicano López Obrador em sua iniciativa de reforma constitucional da energia elétrica. Viagens de assessores da Casa Branca para entrevistar-se com o governo mexicano se sucederam.

Nessa pressão, o imperialismo estadunidense conta com os partidos políticos do velho regime mexicano, o PRI e o PAN, e com as pequenas “agências de emprego” denominadas “partidos”, como o PRD e o Movimento Cidadão.

Obrador e seu Movimento de Regeneração Nacional (Morena) apresentaram nas câmaras legislativas o projeto de reforma constitucional que daria à Comissão Federal de Eletricidade (CFE) o poder de controlar a maior parte da produção elétrica no país. Nos governos anteriores do PRI e PAN esse controle foi entregue a empresas espanholas e dos Estados Unidos, com grande avanço da corrupção em negócios milionários de mercado paralelo de energia.

Mas a reforma de Obrador não conseguiu obter a maioria qualificada de 67% de deputados e senadores. O grupo de partidos ao redor do PRI e do PAN, na verdade, impede qualquer modificação na Constituição que venha prejudicar os interesses do capital privado local e estrangeiro, defensores incondicionais dos interesses imperialistas que são.

A responsabilidade de Obrador
Medidas parciais de soberania e apoios econômicos às camadas mais pobres do povo conseguiram manter um respaldo social a Obrador e seu governo até aqui. Mas, ao mesmo tempo, fica cada vez mais claro que não haverá “quarta transformação” do México, como diz o presidente, sem que sejam combatidas as instituições do velho regime. Seria necessário abrir a discussão no país sobre a Assembléia Constituinte Soberana, portanto.

Por outro lado, Obrador se faz porta-voz da política do governo Biden para a América Central no que diz respeito aos migrantes. Assim, numa visita de alguns dias à Guatemala e Honduras, Obrador foi oferecer “ajuda econômica” para deter o êxodo de migrantes em direção à fronteira com os EUA. Ele também prepara a nona Cúpula das Américas convocada por Biden e que tem no centro o impulso à “transição energética”, o que significa a tomada de terras, águas e minérios pelas empresas imperialistas.

Nesse quadro contraditório, as primeiras ações do povo trabalhador estão à vista. O agravamento da crise do sistema capitalista com a pandemia e agora com a guerra na Europa, a brutal inflação que o Banco Mundial prevê que vai durar até 2024, empurram o povo trabalhador a resistir, debilitando o controle dos dirigentes sindicais corporativos (muitos ligados ao PRI) para conter as lutas. Assim, neste 1º de Maio houve manifestações independentes de setores da classe trabalhadora, algo que não ocorria há muitos anos, indicando uma nova disposição de luta.

Correspondente

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