Suspensa cassação de Renato Freitas

A sessão da Câmara Municipal de Curitiba que decidiria o pedido de cassação do jovem vereador negro do PT, Renato Freitas, foi suspensa por ordem judicial. No mesmo dia 19 de maio, pela manhã, uma juíza concedeu liminar a recurso da defesa de Renato, no tocante a um e-mail postado pelo Relator do caso na Comissão de Ética da Câmara, contendo ofensas racistas ao vereador.

Enquanto esse escabroso caso não for elucidado, a Câmara não pode votar o pedido de cassação, já aprovado pela Comissão de Ética. Ali, foram 5 votos a favor, 1 pela suspensão das prerrogativas e apenas 1 pelo arquivamento do caso.

Antes, no dia 5 de fevereiro, no protesto de Curitiba contra o bárbaro assassinato de um jovem negro congolês no Rio de Janeiro (protestos ocorreram em todo o país), manifestantes entraram na igreja do Rosário. Entre eles, o vereador Renato. Foi fartamente demonstrado por declarações e imagens que não houve “invasão” da igreja, nem interrupção de culto. Apesar das provas, parte da mídia exige a cassação do mandato de Renato, posição encampada por vereadores direitistas. Foi assim que o processo chegou à Comissão de Ética, onde há um Relator racista encarregado do parecer do caso.

As próprias autoridades da Igreja Católica local, após o primeiro momento, admitiram não ter havido invasão nem interrupção do culto e se posicionaram contra a cassação (embora a nota da Cúria defendesse uma punição “adequada”). Também vozes no PT, por temer “desagradar os católicos”, tiveram posição vacilante na defesa de Renato. Lula, questionado por uma TV de Curitiba, disse que o vereador deveria pedir desculpas (“ele é jovem, ainda vai aprender”).

O DAP junto com outros companheiros apresentaram um projeto de resolução ao Diretório Municipal dizendo simplesmente que “não há crime, não pode haver punição”. Por incrível que pareça, a proposta foi rejeitada.

O vereador Renato Freitas, ligado aos movimentos negros e às comunidades da periferia. Já foi ameaçado várias vezes, preso pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. É uma voz que incomoda. Mas também agrega: o movimento “Renato Fica” tomou corpo e, hoje, Renato é uma referência na luta contra o racismo estrutural no país.

O caso traz também outra lição: vacilação e conciliação não são boas táticas para se enfrentar um inimigo determinado que, assim que percebe fraqueza, redobra seu ataque.

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