Reproduzimos trechos de artigo do jornal “Información Obrera” nº 378 da Espanha, órgão do Comitê pela Aliança de Trabalhadores e Povos (CATP), sobre as manifestações ocorridas no primeiro aniversário da guerra na Ucrânia em vários pontos da Europa.
“Este fim de semana marcou o início de uma mudança importante diante da política de guerra decidida pelo imperialismo dos EUA, através da Otan e seu monstruoso orçamento militar (…). Correspondida no outro lado pela oligarquia ao redor de Putin que saqueou os bens do povo e declarou colocar toda a indústria a serviço da produção de armas.
Apesar de um ano de propaganda por terra, mar e ar dos meios de comunicação a favor da guerra e da política de dirigentes de partidos de origem social-democrata, ecologistas, seguidos em alguns casos pelos sucessores dos partidos comunistas, para os trabalhadores a continuidade da guerra é insuportável.
Insuportável porque a guerra, como antes a pandemia, é a desculpa perfeita para rebaixar salários com a inflação, desmantelar os serviços públicos e atentar contra as liberdades…
Neste fim de semana, 25 importantes manifestações contra a política de guerra ocorreram em cidades europeias.
É o início de uma oposição de massa à guerra, uma oposição que cresce no coração e na ação da maioria social. Não é casual que apareçam posições ‘intermediárias’ pedindo que a diplomacia se ponha adiante.
É bom ressaltar que o plano de paz de Pequim de 12 pontos foi rechaçado de forma instantânea por Biden e Borrel (este, em nome da União Europeia). Como dizia o general alemão Kajut: ‘o Ocidente não quer a paz (…) somente esmagar o contrário’. Igual a Putin e Zelenski, este dizendo que ‘não há nenhum russo com quem se possa falar’.
Situação que confirma a necessidade de multiplicar a campanha que já abarca setores importantes de todos os horizontes políticos que se reivindicam dos trabalhadores e do socialismo, pelo “Não à Guerra”, ajudando na mobilização da maioria trabalhadora contra a política de guerra que, em nosso país, é encabeçada pelo governo de coalizão.“
Ángel Tubau
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De Atenas a Berlim: Não à Guerra!
Em 21 de fevereiro iniciaram-se, pela Grécia, as manifestações pelo fim da guerra na Ucrânia. Milhares de pessoas em Atenas e Tessalônica repudiaram a visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Bliken, ao país, exigindo o fim das bases militares da Otan e condenando a participação do governo grego na guerra.
Na Itália, a CGIL (central sindical) convocou atos em Roma e outras cidades. Mas foi em Gênova o maior deles, de iniciativa do Sindicato dos Estivadores que é autônomo, com delegações de outras cidades e de militantes franceses aderentes ao manifesto “Não à Guerra!” com mais de 5 mil manifestantes.
No Reino Unido, o coletivo “Stop the War” (Parem a Guerra!) convocou ato em Londres que reuniu 4 mil pessoas. A direção do Partido Trabalhista foi contra esse ato, mas Jeremy Corbyn, de sua ala esquerda, nele tomou a palavra, assim como dirigentes sindicais dos serviços públicos que estão em luta há meses por aumento de salários. Também falou um companheiro francês em nome do manifesto “Não à Guerra!”.
Na Espanha, cerca de 5 mil pessoas saíram às ruas de Madri com palavras de ordem como “Nem Putin, Nem Otan; Não à Guerra” e “Não aos gastos militares, dinheiro para escolas e hospitais”. Houve atos também em Barcelona, Valência, Sevilha e outras cidades.
Houve atos também na Suíça, Áustria e França, onde se prepara uma paralisação geral contra o governo Macron em 7 de março.
O ponto alto do dia 25 foi a manifestação de Berlim, que reuniu na histórica Porta de Brandemburgo cerca de 60 mil pessoas em apoio ao Manifesto pela Paz lançado pela deputada Sarah Wagenknecht do “Die Linke” e a ativista dos direitos das mulheres Alice Schwarzer, que apela para negociações de paz com a Rússia e o fim do envio de armas à Ucrânia e que teve mais de 650 mil adesões. Alice Schwarzer disse diante da multidão: “Espero que, em breve, sejamos um milhão. É maravilhoso que todos estejam aqui para conosco defender a paz”.
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Manifesto “Não à guerra” tem novas adesões no Brasil
“Estamos soando o alarme: essa escalada pode levar a uma catástrofe global” diz o manifesto “Não à Guerra”, já assinado por centenas de dirigentes políticos e sindicais em mais de 40 países.
O manifesto declara que os trabalhadores e povos não devem ser cúmplices dessa carnificina: “A guerra de Putin, como a da Otan implementada por Zelensky, não é nossa guerra” e conclama a um cessar fogo imediato.
No Brasil já assinaram vários dirigentes políticos, parlamentares, intelectuais e sindicais como: José Genoino, ex-presidente do PT; Luís Eduardo Greenhalgh, advogado, membro do Diretório Nacional do PT; Paulo Moreira, Leite, jornalista; Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT; Eduardo Suplicy, deputado estadual (PT-SP); Henrique Fontana deputado federal (PT-RS) e secretário geral do PT; Aline Dartora (PT-RJ) deputada federal; Roseli Coelho, Prof. da Escola de Sociologia e Política de SP; José Castilho, Prof. da Unesp; Celi Taffarel, Prof. da UFBA e UFAL; Diógenes Muniz, cineasta; Jilmar Tatto, deputado federal PT-SP; Valério Arcary, militante da Resistência, DN-PSOL; Betão Cupolillo, deputado estadual PT-MG; Milton Alves, jornalista e blogueiro; Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT e Julio Turra, assessor político da CUT.