Reação às decisões do Diretório

Poucas vezes uma resolução do Diretório Nacional (13 de fevereiro) repercutiu tanto na imprensa, sem trazer nenhum giro nas declarações dos líderes do PT.

Texto da maioria CNB, foi adotado e emendado pelo DN. O Estadão, por exemplo, fez um exame minucioso. A reportagem de uma página registra o incômodo com o fiasco do chamado “centro”, na verdade, desde o 1º turno da disputa presidencial. Eles querem emplacar a sua plataforma no governo!

O caso mais em vista é a política de juros do presidente do BC autônomo, cuja convocação para a Câmara o DN apoiou. O que esperavam?

PT Fake News
“Triste o PT, em documento da sigla resolver espalhar Fake News”. Quem fala não é Bolsonaro, é Baleia Rossi, presidente do MDB, partido da base aliada. O Estadão tenta prová-lo ironizando: o DN fala do “impeachment de Dilma Rousseff como golpe e chama ‘quadrilha’ os antigos procuradores e o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil)”.

A esta altura defender Dallagnol e Moro desmoralizados é o fim da picada para um jornal dito liberal. Seguem a narrativa das “pedaladas”, artifício fiscal – e não crime – de vários governos. Mas eles não deixam passar, e parecem esperar a hora de voltar com o lawfare.

A questão militar
O Estadão estranhou “a palavra-de-ordem ‘sem anistia’” que para o DN, “deve ser um imperativo”, e orientar a “seguir na luta pela culpabilização e punição de todos os envolvidos, inclusive os militares”. Por que não? Por que é “delicado” bulir com generais, como dizem os editoriais? Assim, nunca sairemos da tutela militar.

E o jornal acrescenta a fala autoexplicativa de Germano Rigotto (MDB), ex coordenação da campanha de Simone Tebet: “‘Lula podia ter adotado discurso mais pacificador’”.

Mas ainda não foi desta vez que o DN adotou uma campanha prática de rua, embora o seu texto faça referência a muitas demandas justas face ao governo Lula. Como a da recuperação da Eletrobrás que Lula sinalizou estudar a recompra das ações.

Mas o DN não propõe nada. O Diálogo e Ação Petista (DAP) propôs ao DN assumir o abaixo-assinado do Coletivo Nacional dos Eletricitários pela reestatização, o que até daria melhores condições a Lula. Os dirigentes parecem confiar na amplíssima coalizão para somar os votos para dar maioria às propostas do governo.

Decisão esdrúxula sobre o PED
Por fim, o DN adotou por maioria, contra os votos do DAP e da AE (Art. de Esquerda), a prorrogação dos mandatos de DRs e DN até 2025. A esdrúxula decisão prevê um Processo Eleitoral Direto (PED) este ano só para os Diretórios Municipais. No PT sempre se votou no mesmo dia a renovação dos diretórios em todos os níveis (os mandatos de 2019 expiram em dezembro de 2023).

O argumento de coesionar o partido para defender Lula do fascismo, desmorona ante a evidência que o que mais vai engalfinhar os petistas é um PED municipal este ano, antes das eleições de 2024

Esse PED ainda será regulamentado. Voltaremos.

Markus Sokol

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