Em assembleia no dia 17 de março, os metroviários da capital mineira decidiram – por maioria – voltar ao trabalho a partir de 20 de março. Foram 34 dias de greve com paralisação de 100% da operação dos trens, contrariando a decisão da Justiça do Trabalho, que exigia 70% de funcionamento do metrô.
Foi uma greve histórica, a mais longa e a primeira a desafiar a “parcial” Justiça do Trabalho, que sempre negou à categoria o legítimo direito de greve.
Entretanto, apesar das inúmeras reuniões em Brasília com vários ministérios, deputados, senadores e audiências públicas, o governo Lula não aceitou rever o leilão de privatização, mesmo que não faltem motivos para cancelar o leilão.
O patrimônio da CBTU em Belo Horizonte está avaliado em 900 milhões de reais, mas foi vendido por 25 milhões. O governo federal e estadual entregará ao grupo vencedor do leilão, a Comporte (uma holding de empresas de transporte com sede em São Bernardo), além de 34 bilhões de reais para obras de modernização e expansão do metrô. Ou seja, dinheiro público para a iniciativa privada e ainda com garantias de que o governo mineiro completará – com dinheiro público – a receita da empresa, caso não se atinja um número determinado de usuários por dia do metrô. Um “negócio da China” e uma vergonha para o governo Lula que não quer rever tal contrato. E, como se ainda não fosse o suficiente, sequer se propôs a negociar com os trabalhadores as garantias de manutenção dos 1600 empregos.
Já há uma reunião marcada com Ministro do Trabalho, Luiz Marinho. O Sindicato dos Metroviários continuará insistindo na garantia dos 1600 empregos e estão agregando à discussão a negociação dos dias parados e uma solução para resolver a milionária e impagável multa de mais de 2 milhões exigida pela Justiça do Trabalho ao sindicato.
Sumara Ribeiro