Por que os atos de 1º de Maio foram fracos a nível nacional?

Chegamos ao 1º de Maio de 2023 com quatro meses dificílimos desde o início do governo Lula, eleito numa enorme vitória popular em outubro do ano passado. Tendo afluído às centenas de milhares de pessoas para a posse popular de 1º de janeiro, o povo trabalhador assistiu à tentativa de golpe de 8 de janeiro, e vem testemunhando as pressões e chantagens da cúpula reacionária do Congresso Nacional, das grandes empresas e da grande mídia sobre o governo.

Há motivos de sobra para que, aos milhões, se apropriassem das manifestações de 1º de Maio para gritar bem alto: Punição aos golpistas! Revogação do Novo Ensino Médio, da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência! Reestatização da Eletrobrás! Fim do trabalho escravo, reaparelhamento da fiscalização do trabalho! E muitas outras reivindicações que expressam o anseio da maioria dos brasileiros que elegeu este governo, e que percebe o terrível embate em que o país está mergulhado, por conta dos que se opõem ferozmente aos interesses populares.

Presença reduzida
No entanto, o que se viu, na prática, foram eventos esvaziados em todo o país, incluindo o ato central em São Paulo, com a presença do próprio Lula como chamariz, para o qual se montou enorme estrutura, e no qual o que chamou a atenção foi a ausência do povo trabalhador. Um ato com muito pouca gente. Com raras exceções, não se viu nas manifestações a presença dos sindicatos organizados, com suas faixas e suas reivindicações. Como explicar isso? É preciso abrir a discussão a respeito na base partidária e nas entidades sindicais.

Como primeiro ponto, chama a atenção a fraquíssima presença das bases sindicais, que tradicionalmente dão a tônica às manifestações de 1º de Maio. Não houve engajamento a fundo dos sindicatos, incluindo os da CUT.

Veja-se por exemplo a preparação do 1º de Maio em São Paulo, no qual sindicatos combativos, como Apeoesp, Sindsep e Jornalistas, viram-se obrigados e enviar cartas de protesto contra o convite ao governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aos quais a direção da CUT respondeu que o convite foi “protocolar”. Uma verdadeira ducha de água fria na base sindical!

Um ato chamado de maneira genérica sem se apoiar na reivindicações que podem resolver os problemas enfrentados pela classe trabalhadora desde o golpe com a retirada de direitos e aumento do desemprego e da carestia.

A Revogação da Reforma Trabalhista, ponto de apoio para retomar direitos como jornada de trabalho regulamentada, luta contra as terceirizações que estão base do aumento dos casos de trabalho escravo, esteve ausente da convocatória das centrais. No palanque dos dirigentes, apenas a “revisão” da reforma – como se não tivesse sido um desmonte em regra da legislação trabalhista, feita após um golpe de estado! Em vez disso, generalidades como “queda da taxa de juros”, sem atacar o centro: o fim da autonomia do Banco Central.

Em suma, atos frios. Em São Paulo nem com a presença de Lula conseguiu mobilizar e empolgar. O discurso de Lula foi relativamente curto: listou as medidas progressivas que o governo já tomou, criticou a taxa de juros, anunciou alguns projetos, e o ponto alto foi o encerramento: “Tentaram dar o golpe no dia 8. Todos os que tentaram serão punidos.”

DAP presente
O DAP participou em várias cidades com um panfleto e faixas que destacavam bandeiras de luta com destaque para a revogação do Novo Ensino Médio e das reformas trabalhista e previdenciária.

Renê Munaro

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