Por um 1º de maio com a classe trabalhadora e suas bandeiras

Buscar a unidade pelas lutas concretas

A mobilização pelo fim da escala 6×1 começa a ganhar apoio no movimento sindical e popular no país. O lançamento em 10/4 do Plebiscito Popular, organizado pelas centrais sindicais, movimentos populares e organizações políticas, através das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, tem o fim da escala 6×1 como eixo em uma das suas perguntas. Após a executiva da CUT aprovar uma resolução de apoio à PEC da deputada Erika Hilton (PSOL) e os temas do Plebiscito Popular, a CUT mudou o centro da Marcha que irá acontecer em 29/4 em Brasília, que era uma pauta genérica de “atualização da agenda da classe trabalhadora” das centrais sindicais.

A convocação com os três pontos – redução da jornada sem redução de salários; fim da escala 6×1; e isenção de pagamento de imposto de renda (IRPF) para quem recebe até R$ 5 mil por mês e aumento da taxação para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais – é uma decisão acertada, pois coloca reinvindicações concretas no centro. Além destes eixos, a base dos sindicatos precisa manter a pauta das revogações das reformas trabalhista, da Previdência, e da lei das terceirizações, que foram aprovadas no último congresso da CUT e mobilizaram mais de 20 mil trabalhadores em Brasília na marcha de 2024.

Os atos de 1º de maio que estão sendo construídos nos estados devem buscar a unidade dos sindicatos e da CUT com o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que também está mobilizando uma jornada no 1º de maio.

A revogação da reforma trabalhista e o fim da escala 6×1 são lutas concretas pela ampliação dos postos de trabalho com melhoria das condições de trabalho. O fim da lei das terceirizações permite a retomada de setores do serviço público que hoje garantem lucro para empresários sem garantia de atendimento com qualidade à população. A pauta da revogação da reforma da Previdência, que defende a retomada dos direitos dos aposentados, é uma luta que também mobiliza nossos vizinhos chilenos e argentinos. É com esta pauta que construiremos a jornada que inclui a Marcha, culminando em atos do 1º de maio.

A Executiva Nacional da CUT aprovou na última reunião que não participaria de atos de 1º de maio que descaracterizassem a história e o objetivo da data, como sorteios de prêmios, por exemplo. Já o Fórum das Centrais, do qual a CUT faz parte, representada pelo presidente Sérgio Nobre, decidiu o oposto, como se pode ler neste trecho do comunicado de 1º de abril de 2025: “A jornada culminará no dia 1º de Maio, com shows e atividades culturais e esportivas em todo o Brasil. Em São Paulo, o ato será na Praça Campo de Bagatelle, zona norte”.

O ato terá shows nacionais e o sorteio de prêmios, incluindo 10 carros, que custam cerca de R$ 100 mil cada. Quem paga essa conta? O ato do Campo de Bagatelle conta com a logomarca da CUT como “convidada” no panfleto de divulgação. A sua pauta não inclui o fim da escala 6×1 e muito menos menção à revogação das contrarreformas.

A CUT não pode de nenhuma forma apoiar esse ato que é uma manobra via Fórum das Centrais para garantir a legitimidade de agendas à direita. Mas sim deve buscar a construção de atos que representem a pauta dos trabalhadores, e não ir a palanques das centrais de direita que convidaram, inclusive, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador Tarcísio de Freitas (Rep), bolsonaristas declarados que defendem a anistia aos golpistas do 8 de janeiro.

René Munaro

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