Apesar das dificuldades para assegurar os 308 votos necessários para aprovar em primeira votação na Câmara dos Deputados (depois iria ao Senado) o desmonte da Previdência, o governo Temer e o presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não jogaram a toalha.
As dificuldades se devem à impopularidade da contrarreforma e do próprio governo e tem suas raízes na greve geral de 28 de abril de 2017, que evidenciou a disposição de luta da classe trabalhadora para defender as aposentadorias.
Sob pressão do capital financeiro, que projeta lucros bilionários com a restrição às aposentadorias que iria turbinar planos de previdência privada dos bancos, os golpistas agem abertamente na compra de deputados – no fechamento desta edição uma nova bolada de 10 bilhões foi liberada para sensibilizá-los – para tentar atingir o quórum exigido para uma emenda constitucional.
O que pode ir a voto em fevereiro, com o debate iniciando no dia 5 e a votação prevista para o dia 19, é a versão “desidratada” da PEC 287 do seu relator Arthur Maia (PPS-BA).
Tal versão, mantendo as idades mínimas de 65 anos para homens e 62 para mulheres e ampliando o tempo de contribuição para o acesso às aposentadorias, continua totalmente nociva aos interesses dos trabalhadores dos setores privado e público, do campo e da cidade.
“Se botar para votar, o Brasil vai parar”
Orientação que segue vigente e que exige da CUT e do conjunto dos sindicatos que desde já mobilizem suas bases para a greve geral caso se confirme a votação da contrarreforma previdenciária.
Greve geral que deve se dar antes de um eventual dia da votação na Câmara, pois está claro que o governo e suas lideranças só a pautarão se tiverem assegurados os votos necessários. Assembleias nas bases sindicais devem colocar todas as categorias em estado de alerta desde já e preparadas para parar o Brasil assim que uma data for confirmada.
Da mesma forma que o trabalho de pressão sobre os parlamentares nas suas bases eleitorais e aeroportos, que CUTs estaduais e sindicatos fizeram em 2017, deve intensificar-se neste início do ano.
O desdobramento da situação política no país, centrada no julgamento de Lula no TRF de Porto Alegre em 24 de janeiro, vai incidir, é claro, na votação ou não da PEC da Previdência em fevereiro.
Os golpistas imaginam que uma condenação em segunda instância de Lula facilitaria a tramitação da contrarreforma. Mas, da mesma forma que os trabalhadores não aceitam perder suas aposentadorias, não aceitarão uma decisão judicial manipulada e reafirmarão que “eleição sem Lula é fraude”.
Julio Turra