Ao sair da visita ao ex-presidente Lula, no último dia 7, Leonardo Boff passou o recado do companheiro: “sou candidatíssimo!”.
Recado alvissareiro. Numa situação em que a burguesia se mostra incapaz de ganhar nas urnas, tanto mais ela necessita tirar Lula da parada. Por isso, intensifica as pressões para o PT “virar a página” e aderir a um plano B (uma candidatura substituta a Lula).
Pressão que corresponde à lógica de camuflar o golpe: impedir a candidatura Lula, mas com o PT legitimando, cassado em seu direito de indicar o candidato que escolheu. O que excluiria milhões e milhões de brasileiros que querem votar em Lula. E, por sua vez, deslegitimaria o resultado da eleição para presidente.
Sim, seria uma fraude eleitoral. Só assim, numa eleição sem legitimidade, os golpistas podem “legitimar” nas urnas seu plano de prosseguir o desmonte da nação iniciado por Temer que usurpou a cadeira presidencial.
O país derrete. O índice de desemprego estoura, mais e mais trabalhadores são jogados na informalidade ou recebendo no máximo dois salários mínimos. As famílias trabalhadoras voltam a cozinhar com carvão e lenha, pois não podem mais pagar pelo botijão de gás. A soberania nacional é vilipendiada.
Para prosseguir, as forças que promoveram golpe estão unificadas para impedir a candidatura Lula, mas, ao mesmo tempo, estão totalmente divididas sem candidato competitivo, em crise profunda, portanto, também fragilizadas.
Por isso, a Globo, os jornais e institutos de pesquisa tentam apagar Lula. O juiz Sergio Moro avança novos processos, a chance do Supremo Tribunal Federal corrigir as ilegalidades cometidas é escassa.
É também o jogo do imperialismo. Os interesses que querem tirar Lula das urnas são os mesmos que estão a gritar que não reconhecerão as eleições venezuelanas no próximo 20 de maio.
Mais do que nunca, a maioria oprimida precisa do ponto de apoio que dispõe, para fazer frente a esta guerra e abrir uma saída para viver com dignidade e em paz.
A responsabilidade que incumbe ao PT é monumental.
Nenhuma tergiversação é admissível em relação à decisão partidária do seu 6º Congresso, reafirmada em todas as resoluções posteriores: Lula é nosso candidato para uma vez eleito, revogar as medidas golpistas e, com uma Constituinte Soberana, fazer as reformas estruturais a favor da maioria do povo trabalhador e da nação brasileira. Foi o que ele próprio disse no ultimo discurso em São Bernardo.
Nenhuma audiência aos ecos internos ao PT de um plano B! Ecos que levam a repetir os erros, aliancistas e conciliadores, que nos fragilizaram e facilitaram o golpe.
Não tem plano B, com outro candidato, do PT, de “de esquerda” ou “progressista”. A única unidade capaz de derrotar o golpe, e que interessa ao povo, é “Lula Livre, Lula Presidente”!
Qualquer outro caminho frauda a vontade da maioria trabalhadora, única que, instruída e chamada a agir, tem a força de libertar Lula e a nação.
Urge que o partido adote um Plano de Ação que dê um norte aos apoiadores de Lula Presidente, aos Comitês Lula Livre que se formam e a todas entidades democráticas. Foi o que o Dialogo e Ação Petista propôs ao Diretório Nacional do PT.
E no dia 15 de agosto, como prevê a lei eleitoral, inscrever Lula que fará campanha, na condição que estiver, como o candidato do PT!
Isto é possível e necessário, é o único meio de reunir a maioria oprimida que no dia a dia resiste e busca a saída política do golpe.