Dia 15 de agosto em Brasília: a força que a grande mídia escondeu

Foi com emoção geral que Gleisi Hoffman, a presidente do PT, anunciou a uma massa de 50 mil pes­soas na frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Distrito Federal que “Lula está registrado, é candidato a presidente do Brasil”. Foi o ponto alto de uma manifestação que tomou Brasília com trabalhadores e jovens vindo de todos os cantos do país.

O registro respaldado pela mobili­zação popular “apavorou” o mercado e causou a fúria dos jornalões repre­sentantes da burguesia no dia seguin­te que procuraram ignorar ou dar uma conotação negativa a presença de milhares de pessoas durante o ato.

Uma manchete do UOL no mesmo dia chegou a acusar o PT de “transfor­mar o registro num ato político” (!), como se fosse outra coisa.

O chamado do PT para a manifes­tação em Brasília, com o ânimo da juventude petista que adotara a ini­ciativa em seu congresso, foi abraçado com entusiasmo pelo MST, a CUT e toda a militância. A manifestação foi um sucesso.

Debaixo de um forte aparato re­pressivo composto por 1200 policias militares, dezenas de batalhões de choque da Força Nacional fortemen­te armados dentro dos ministérios e grades ao redor de todos os prédios públicos, incluindo o Congresso Nacional, a marcha deixou o ginásio Nilson Nelson e percorreu a Esplana­da Geral até o Itamaraty. Em seguida caminhou em direção à porta do TSE, tranquilamente, onde teve início um ato político, enquanto dirigentes petistas se dirigiam ao Tribunal para registrar a candidatura de Lula.

 “Ficamos de pé, como o povo brasileiro”

Vários oradores tomaram a palavra e destacaram a importância histórica do momento e a necessidade de eleger Lula presidente e enfrentar o golpis­mo para revogar as medidas do golpe e recuperar direitos sociais.

Foi o que disse, por exemplo, Dilma Rousseff, a mais ovacionada daquela tarde: “Eles achavam que iam nos destruir, achavam que nós não iria­mos resistir, mas nós ficamos de pé como o povo brasileiro. Enfrentamos os golpistas porque queremos acabar com o retrocesso dos direitos sociais. Lula Livre e candidato representa a democracia no nosso país”.

Outros falaram no mesmo sentido, como Vagner Freitas, presidente da CUT. Destoou Mariane Dias, da UNE, que se restringiu a defender o direito de Lula ser candidato (sem Lula pre­sidente, já que a UNE decidiu não ter posição no primeiro turno). Gilmar Mauro, do MST também falou sobre a necessidade de eleger Lula e de en­frentar as instituições do golpe. Mas, como os demais oradores, deixou de lado a bandeira da Constituinte.

Coube aos militantes do Dialogo e Ação Petista e da JR do PT sustentar na agitação, com faixas e palavras de or­dem a questão, inscrita no programa de governo, com boa recepção entre os presentes.

Fez pouco sucesso a enorme faixa do Partido da Causa Operária “Lula ou nada” indicando de antemão o voto nulo, no caso do impedimento de Lula ser candidato. Prenunciando a derrota, chegaram a ser hostilizados pela militância presente.

Haddad, por outro lado, foi recep­cionado com certo distanciamento, mesmo quando lia uma carta de Lula (ver abaixo). Na difícil tarefa de ser porta voz de Lula como candidato a vice, terá que demonstrar pela prática não ser o plano B que, de fato, não é. Para isso precisa continuar a defender o direito da candidatura de Lula ir até o fim, até 7 de outubro, o que os milhares em Brasília e a militância de todo o país, já demonstraram ter disposição de fazer.

 Luã Cupolillo

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