Entrevista de Lula repercute em todo o mundo

A entrevista concedida por Lula a Mônica Bergamo (Folha de S. Pau­lo) e Florestan Fernandes Jr. (El País) teve ampla repercussão nacional e in­ternacional – embora a Rede Globo e a Record não tenham tocado no assunto. No YouTube, apenas uma das versões do vídeo tinha mais de 2,2 milhões de visualizações em 1º de maio.

A entrevista demorou sete meses para sair, depois que a juíza Carolina Lebbos proibiu Lula de ser ouvido. Em abril, o Supremo Tribunal Federal autorizou-a. A Polícia Federal ainda tentou montar um circo e constranger Lula, anunciando que convidaria ou­tros jornalistas para participar. Foi ne­cessária nova deliberação do Supremo para repor o óbvio: é Lula quem decide a quem concede ou não entrevistas.

Sobre as suas palavras, não é preciso concordar com tudo – por exemplo com a defesa da política do superávit fiscal primário para pagar a dívida, aplicada em seu governo – para reco­nhecer a importância do depoimento e de ter reafirmado a disposição de luta. Destacamos algumas questões ditas.

Justiça

“Eu tenho tanta obsessão de des­mascarar o Moro, de desmascarar o Dallagnol e a sua turma, e desmas­carar aqueles que me condenaram, que eu ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade. Eu quero provar a farsa montada. Montada aqui dentro, montada no Departamento de Justiça dos EUA, com depoimento de procura­dores, com filme gravado, e agora mais agravado com a criação da ‘Fundação Criança Esperança’ do Dallagnol, pe­gando R$ 2,5 bilhões da Petrobras para criar uma fundação para ele.”

Previdência

“Eu tenho compromisso com esse povo. E eu estou vendo a obsessão que está acontecendo agora. De destruir a soberania nacional. De destruir em­pregos. De juntar R$ 1 trilhão, para quê? Às custas dos aposentados? (…) Um país que não gera emprego, não gera salário, não gera consumo, não gera renda, quer pegar do aposentado e do velhinho R$ 1 trilhão? O Guedes precisava criar vergonha. (…)

Estão tirando os nossos direitos. Estão desmontando, simplesmen­te destruindo os nossos direitos. Eles são destruidores do futuro dos nossos velhinhos. (…)

Esse Guedes daqui a pouco vai embora. Na hora em que ele cair, vai morar nos EUA. Ninguém vai lembrar dele. Mas quem vai ficar com uma vida desgraçada são mulheres e homens que trabalharam a vida inteira nesse país. A hora de lutar é agora.”

Interferência dos EUA

“No dia em que eu sair daqui, eles sabem, eu estarei com o pé na estrada. Para, junto com esse povo, levantar a cabeça e não deixar entregar o Brasil aos americanos. Para acabar com esse complexo de vira-lata. (…)

Quem sabe um jornalista bem informado como você possa ir aos Estados Unidos saber qual é a intro­missão do Departamento de Justiça americano nesse processo do Brasil. Qual é o interesse dos americanos na Petrobras. Você sabe qual é, mas temos que investigar. Temos que ir atrás. Eles nunca engoliram o fato de eu dizer que a Petrobras era nossa, que o petróleo era nosso, que o petróleo seria o pas­saporte do futuro (…).”

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