A resistência está aí

2020 é isso: em pleno verão, mesmo antes do Carnaval, os petroleiros entraram em greve, no Dataprev e na Casa da Moeda os trabalhadores se mobilizam, também com greve. Nos três casos, em defesa de empregos, direitos e da soberania, contra a privatização.

Em 2019 Bolsonaro infligiu duros golpes nos trabalhadores, como a contrarreforma da Previdência, aprovada com o entusiasmo dos partidos que apoiaram o golpe de 2016 e que agora alguns chamam de “centro”. Mas o governo também se desgastou. Seu bloco partidário sofreu clivagens, seus ministros seguem alvos de desmoralização, o “bate cabeça” dentro do Planalto continua.

Mas, apesar disso tudo, sustentado pelos seus pilares (Judiciário e militares), ele segue o seu único plano, com o apoio do capital financeiro: a escalada autoritária para privatizar e reduzir direitos.

Para isso quer militarizar o país: no INSS com a pretendida contratação de sete mil milicos, na Amazônia com a criação do Conselho sob as ordens do general Mourão, nas escolas com o programa cívico-militar, a escalada avança.

Só a luta dos trabalhadores e do povo pode frear, reverter e – por que não? – terminar com essa desgraça de governo Bolsonaro.

Para esta luta, eles precisam muito poder contar com suas organizações e seus representantes, em 1º lugar.

Se os governadores do PT e PCdoB aplicam nos Estados do Nordeste a mesma reforma da Previdência que combateram em Brasília e em outros Estados, fica complicado. Tem razão a assembleia do maior sindicato da base da CUT em S. Paulo, Apeoesp (professores), que na luta contra a reforma de Dória, se manifesta em nota, “contra todos os governos estaduais e municipais, independente de coloração partidária, que atacam direitos dos servidores e demais trabalhadores e que promovem reformas previdenciárias que prejudicam os direitos do funcionalismo”.

Também se choca com a disposição de resistência dos trabalhadores se os seus representantes parlamentares enveredam pela tática de “minorar danos”, como os deputados que votaram o “pacote anticrime” de Moro.

Fica difícil também se as centrais sindicais se limitarem a encenar atos de rua por pautas genéricas. Se suas lideranças declaram que o governo Bolsonaro pode “dar certo”, vai parecer que não há real oposição no país (como às vezes parece), e o caminho fica tortuoso.

Achar que algumas críticas bastam para fazer bonito nas eleições municipais e, daí, esperar o governo cair no colo em 2022 é um erro. É subestimar o inimigo poderoso, o que é irresponsável e perigosíssimo.

Mas repitamos: petroleiros, Dataprev e Casa da Moeda, a resistência está aí. É necessário e possível estendê-la, desenvolvê-la e centralizá-la.

18 de março pode ser uma jornada de mobilização importante, se fixar uma pauta concreta de defesa do serviço público, contra as privatizações e pela educação.

A democracia é a soberania da vontade do povo. Em 2018 Bolsonaro “venceu” Haddad, pois esta vontade foi fraudada. Hoje ele começa a ficar nu.

O PT completa 40 anos, apesar das perseguições do sistema – viva o PT! Lula Livre!

O PT tem as  condições para empolgar uma boa a resistência nas eleições municipais se falar claro o que o povo precisa, se não posar de bom-moço do sistema e se misturar com os bolsonaristas da véspera.

O PT neste 40º aniversário tem, na verdade, o maior desafio da sua história: já não há espaço para conciliação possível, para o PT só há o terreno da mobilização sem trégua do povo contra esse governo e o sistema.

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