Balbúrdia no ENEM

O sonho de milhares de jovens com a divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), virou um pesadelo. Muitas notas foram publicadas com erros que, ao fim e ao cabo, determina se o estudante vai ou não poder se inscrever em alguma universidade.

Segundo o MEC houve “uma ocorrência durante o processo de impressão na gráfica contratada”. A gráfica Valid, contratada por R$ 151,7 milhões, diz que ocorreram “inconsistências na impressão”. Porém, o edital de contratação da empresa exige que ela tenha um sistema de inspeção justamente para identificar e corrigir os erros e que o Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (INEP) é quem deve fiscalizar. Pelo visto, nada foi feito. Segundo a imprensa funcionários do Instituto até alertaram sobre riscos com a gráfica que não tinha experiência, mas o MEC ignorou.

Os erros só vieram à tona após estudantes reclamarem. O governo afirma que houve erro na nota de 5.974 candidatos. Mas o INEP recebeu 172 mil reclamações de notas e já se vão 17 ações judiciais contra o MEC. O Instituto disse que “não houve privilégio de revisão de notas”, mas o próprio ministro pelo twitter privilegiou a revisão de nota da filha de um apoiador do governo!

Toda essa balbúrdia só prolonga a agonia de milhares de estudantes que tentam acessar o ensino superior através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) que também é alvo de reclamações em todo país devido a instabilidade do sistema e erros na nota de corte para escolher os cursos. O responsável por essa esculhambação, o incompetente Ministro da Educação Abraham Weintraub, disse que as reclamações eram “ligadas a partido radical de esquerda… muita gente maldosa, que tem interesse em fazer terrorismo, espalhando a mentira”.

Ponta do iceberg
Bolsonaro disse que “estava com a cabeça cheia. Hoje saturei” sobre o Enem. Mas a verdade é que está saturado com a existência do ensino público, gratuito e laico. O plano do governo é destruir a educação pública no país. O problema no processo de prova e seleção é a ponta do iceberg. Os números de inscritos no Enem, que em 2016 foi de cerca de 8,6 milhões, sofrem quedas consecutivas desde então e chegou em 2019 com pouco mais de 5 milhões. Houve redução drásticas de verbas tanto na rede básica como no ensino superior com cortes de bolsas e redução de programas importantes como Fies para ficar em algumas atrocidades.

A UNE, UBES e ANPG exigem auditoria nas notas do Enem e cobram investigação da conduta do ministro e do presidente do INEP. Mas o fato é que o responsável é o governo Bolsonaro contra o qual é preciso reforçar a luta. Dia 18 de março haverá atos e paralisações em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações. É hora de engrossar o caldo da mobilização com agitação e assembleias nas escolas, faculdades e universidades.

Paulo Vilela

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