O 39º Congresso do Andes (sindicato nacional dos docentes do ensino superior), realizado na USP entre 4 e 8 de fevereiro, deixou clara a necessidade de uma mudança de orientação da entidade, para que ela volte a ter um caráter sindical e organize efetivamente as lutas dos docentes por salários, carreira e em defesa da própria Universidade pública atacada pelo governo Bolsonaro, rompendo assim com o isolacionismo e sectarismo de sua atual direção alinhada com a CSP-Conlutas.
Delegações de um grande número de seções sindicais foram ao congresso na expectativa dessa mudança, dando assim a base para a formação da chapa de oposição Renova Andes, que reúne condições para ganhar as eleições sindicais de 12 e 13 de maio próximo. Sim, pois o congresso repetiu a sucessão interminável de discussões muitas vezes abstratas e de “iniciados”, sem relação direta com as demandas vindas dos campi universitários, o que reafirmou a necessidade de recuperar o caráter sindical do Andes, bem como a incapacidade da atual direção de fazê-lo, apesar dos esforços dos 120 delegados do Renova Andes (sobre um total de 450).
A chapa 2 Renova Andes realizou sua convenção em 5 de fevereiro e inscreveu seus encabeçadores – Celi Taffarel (UFBA/Regional NE 3), Antônio Pasquetti (UNB) e Paulo Opuszka (UFPR) – no próprio congresso. Os delegados identificados com ela propuseram a desfiliação do Andes da CSP-Conlutas, obtendo 142 votos sobre os 400 presentes. Propuseram também a adesão do sindicato ao Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), composto de 37 entidades do setor, também recusada em favor de um fórum saído do 3º Encontro Nacional de Educação animado solitariamente pela direção atual do Andes.
Os delegados do Renova Andes, com apoio de várias seções sindicais, contribuíram para a adoção de um plano de ação visando a construção da greve nas Instituições Federais de Ensino Superior, em torno da pauta saída do Congresso. Mas, as reivindicações mais concretas, como reajuste salarial, não foram objeto de deliberação.
Recuperar o sindicato para os docentes!
Lançada a chapa 2 Renova Andes no congresso, a sua convenção, com mais de 100 participantes, indicou a executiva de 11 membros. A indicação de nomes da chapa para as regionais, para completar a sua totalidade (83 membros), se fará em cada regional com os seus apoiadores.
A pré-inscrição da chapa no congresso foi apresentada por Celi Taffarel, candidata à presidência, com base na mensagem aos docentes adotada na convenção, da qual extraímos os trechos abaixo:
“Esta conjuntura exige um Andes-Sindicato Nacional que fortaleça sua relação com o conjunto dos 70 mil filiados e filiadas e recupere sua capacidade de dialogar com os quase 300 mil docentes do ensino superior que estão afastados das associações sindicais. Ao mesmo tempo, é preciso aperfeiçoar a forma de organização de nosso sindicato, oxigenando sua estrutura. É tarefa primordial e inadiável de uma nova diretoria do nosso sindicato retomar e enfatizar a natureza sindical do ANDES-SN, com foco na luta em defesa dos salários, da carreira, do ensino e da ciência e tecnologia, matéria prima de nosso ofício e elementos decisivos para o desenvolvimento e soberania nacionais (…)
Uma nova diretoria tem a tarefa de conduzir o reatamento de nosso sindicato com a grande maioria dos trabalhadores e trabalhadoras e com suas principais organizações, contribuindo num movimento que possa deter a destruição em curso e abra caminho para o fim do governo Bolsonaro. O isolamento a que foi levado o ANDES-SN, ao se afastar da luta contra o golpe e contra seus efeitos, como a perseguição judicial a dirigentes do movimento popular e das Universidades, a exemplo do ex-presidente Lula e do reitor Carlos Cancellier (UFSC) e tantos outros. Este isolamento enfraquece nossa própria luta em defesa da universidade e de seus docentes”.
Agora, trata-se de assegurar o registro definitivo da chapa e partir para uma forte campanha que leve a Chapa do Renova ANDES à vitória em 12 e 13 de maio.
Eudes Baima