Sem equipamento de proteção e treinamento específico, sepultadores em SP lutam por condições dignas de trabalho

“Trabalhamos com a morte, mas estamos vivos e queremos continuar vivos.”

Com informações do SINDSEP e da CUT SP

A foto acima rodou o mundo. Foi capa do Washington Post e apareceu em periódicos de todo o país. Trata-se do cemitério da Vila Formosa, na capital paulista. O maior cemitério da América Latina.

Ali onde se costuma enterrar cerca de 45 pessoas por dia, o número subiu para 57, por enquanto. Os trabalhadores do serviço funerário municipal estão penando para dar conta de todo o trabalho.

Como estava nos planos de privatização do prefeito Bruno Covas e do ex prefeito e atual governador Dória, o Serviço Funerário de SP vem sendo sucateado há anos de acordo com a velha fórmula de avacalhar o serviço para justificar a venda.

Falta mão de obra e condições adequadas de trabalho. Ainda há cemitérios em que trabalhadores tem que abrir covas no braço. O último concurso de sepultadores(“coveiros”) foi em 2011, resultado de uma greve da categoria. Em 2016, governo Haddad,  foi realizado um concurso para área administrativa, mas não foi convocado nenhum aprovado, e o atual governo diz com todas as letras que não chamaria por conta da privatização.

Assim, a fórmula envelhecimento da categoria, aposentadorias, exonerações, deixam os que ficam em péssimas condições de saúde.

Essa realidade se confirma com o governo decidindo uma contratação emergencial, sem licitação que a lei permite em caso de emergência, de 220 sepultadores terceirizados (iniciaram dia 30). Sem treinamento, sem uniformes, tudo as pressas, afinal o que menos custa é a vida do trabalhador.

Com essas condições é que os trabalhadores estão obrigados a enfrentar a Pandemia. Exaustos com o excesso de trabalho, com receio de contrair o novo coronavírus (Covid-19) porque  muitos não têm equipamentos de proteção, trabalhadores do Serviço Funerário do Município de São Paulo ameaçavam paralisar as atividades se as autoridades locais, em especial o prefeito Bruno Covas, não dessem condições seguras e humanas para eles continuarem exercendo suas funções.

Dirigentes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep), que representam a categoria, denunciaram que faltava álcool em gel nos cemitérios e demais locais de trabalho. Denunciaram ainda que, até a semana passada, havia máscaras vencidas e o total de roupas de proteção fornecidas era insuficiente e, portanto, poderia contaminar os servidores.

Os dirigentes do Sindsep, João Batista Gomes e Manoel Noberto, estão percorrendo os cemitérios para orientar os trabalhadores quanto a exigência e uso de EPIs, que só agora começa a chegar em quantidade razoável.

“Sem EPIs apropriados, não coloque sua vida em risco. Não vacile! Exija a proteção e o treinamento para a Coronavírus/Covid-19!”, dizem os sindicalistas.

Pressionado pela reação organizada da categoria o governo tem feito compras de emergência e garantido os EPIs. O SINDSEP tem exigido isso para todos os trabalhadores, servidores públicos, terceirizados e contratados.

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