A caravana de Lula por Minas Gerais comprovou, uma vez mais, o apoio popular à sua volta à presidência, como expressão da vontade de recuperar o que foi retirado pelo governo golpista e também conseguir novas conquistas. Este era o tom das falas dos populares aos quais, nesta caravana, Lula abriu o microfone.
Lula começou a caravana no dia 23 de outubro, em Ipatinga, no Vale do Aço. Percorreu mais 18 cidades do norte do estado, Vales do Mucuri e Jequitinhonha, e terminou em Belo Horizonte, no dia 30 de outubro, num grande ato na praça da Estação (ver abaixo).
Em seus discursos, Lula seguiu denunciando a retirada de direitos, “estão destruindo a CLT conquistada desde 1943”. Em Teófilo Otoni, Lula denunciou os votos comprados por Temer para se safar de investigação, e completou: “o programa luz para todos custou $20 bilhões, ele gasta $32 para comprar 200 e poucos deputados enquanto 97% não querem Temer”. Voltando o microfone para os manifestantes que lotavam a praça, perguntou: “O que o povo quer? Gritem aí”. “Fora Temer!” foi a resposta uníssona.
A defesa da soberania nacional “aqui, nessa riqueza nenhum grupo vai colocar a mão. É nossa”, foi outro tema recorrente nos discursos de Lula, assim como a denúncia do verdadeiro objetivo da operação Lava Jato: “eles não conseguem me parar através das urnas, vão tentar me parar através da Justiça”.P
Partido do Trabalhadores
Uma marca particular nesta caravana foi a forte presença do PT. Bandeiras, camisetas e bonés com a estrela tomavam as praças. Na cidade de Itinga, por exemplo, o apresentador do ato chamava as pessoas a se filiarem ao PT na barraca “Dona Marisa Letícia”. A afirmação e defesa do PT foi uma constante também nos discursos de Lula. Em Salinas, ele deu o microfone para “a militante petista mais velha da cidade”, Maria Ferreira da Costa, de 90 anos. Foi em Salinas também que Lula afirmou: “Enquanto o Partido dos Trabalha Trabalhadores existir, vai brigar com unhas e dentes para que ninguém jogue a culpa da crise econômica desse país em cima do trabalhador.”
Esta caravana de Minas, como já havia comprovado a do Nordeste, consolida, na ampla adesão, na garra e na esperança que a população demonstra, aquilo que todas as pesquisas registram: para a maioria oprimida um novo governo Lula que represente seus interesses é a saída e o PT seu instrumento para a luta.
Por Misa Boito
Encerramento em BH
Lula encerrou a caravana na capital mineira, Belo Horizonte, na Praça da Estação num ato com cerca de 20 mil pessoas. Militantes do movimento popular, sindical e, principalmente do PT, garantiram o fechamento exitoso da caravana. Diretórios municipais e militantes se organizaram espontaneamente, sem qualquer ajuda financeira das direções estadual e nacional, para estarem presentes em Belo Horizonte.
Militantes do Diálogo e Ação Petista – DAP/MG, também estiveram presentes empunhando as palavras de ordem aprovadas no 6º Congresso do PT e no 7º ENDAP: “Eleição sem LULA é fraude” e, no verso, “Para revogar as privatizações LULA Presidente com Constituinte”. A região da Zona Mata participou com a vinda de 3 transportes (ônibus, van e micro-ônibus) trazendo militantes de Juiz de Fora e Santos Dumont, entre eles cerca de 30 militantes do DAP que se juntaram à delegação de BH, além de militantes da Juventude Revolução.
Manifestação de golpistas fracassa
Em Belo Horizonte, a direita golpista tentou mostrar força chamando um ato na Praça 7, outro local de manifestações. Um fiasco. Não passavam de 10 e não conseguirem se instalar pois correram dos militantes do movimento popular e sindical, que ali estavam para “recepcioná-los”.
Depois que os militantes foram para o ato da Praça da Estação voltaram para fazer uma pífia manifestação.
“Lula com Constituinte”
O ato na Praça da Estação contou com a presença das lideranças do movimento sindical (CUT e CTB), do movimento popular, do PCdoB, de organizações de juventude, e de dirigentes e parlamentares do PT de todos os níveis e do governador Fernando Pimentel (PT), e a companheira Dilma aclamada como senadora por Minas Gerais – e o senador Lindbergh Faria.
O único vereador a falar, além de Arnaldo Godoy, presidente do PT de BH, foi Betão de Juiz de Fora e membro do DAP, antes do início oficial do ato. Ele destacou a importância da candidatura de Lula para reverter as medidas golpistas, avançar nas demais reformas necessárias, o que só será possível através da convocação de uma Constituinte Soberana, e ressaltou que uma eleição que Lula não possa concorrer é fraude.
Os demais oradores destacaram a importância da resistência popular ao golpe, o papel do Judiciário participando ativamente desse golpe.
O senador Lindbergh tentando resgatar a história desde Getúlio Vargas, teve a infelicidade de saudar Tancredo Neves como um combatente da história contra os golpes no Brasil. Foi vaiado, mas ainda assim insistiu em sua avaliação. O que o senador se esqueceu é que Tancredo Neves não só defendeu o parlamentarismo como parte de uma tentativa de usurpar o poder de João Goulart, sendo primeiro-ministro em 1963, como aceitou, em oposição ao movimento da “Diretas Já” na década de 80, participar e promover a eleição para presidente de forma indireta, a partir do Colégio Eleitoral, do qual o PT não participou.
O encerramento de Lula
Encerrando a caravana, o companheiro Lula reconheceu e agradeceu o papel dos dirigentes e militantes do PT em Minas Gerais, denunciou o golpe e seu conteúdo antinacional e, se referindo a descoberta e os investimentos realizado para extração do Pré-sal, afirmou que esse fato precipitou o golpe por que atacou os interesses das empresas estrangeiras e do capital financeiro e reafirmou o seu compromisso em reverter as medidas golpistas, através da convocação de um plebiscito revogatório.
Sobre a Lava Jato, Lula destacou que é falso que ela queira combater a corrupção, que seu objetivo maior é perseguir o PT e tentar impedir a sua volta ao governo.
A única coisa que causou estranheza aos militantes que se aglomeravam para ouvi-lo, foi quando ao relembrar os demais golpes que ocorreram no Brasil, disse “estou perdoando os golpistas desse país”. Tal afirmação não passou desapercebido pela grande imprensa, que destacou apenas isso de seu largo discurso!
Por Sumara Ribeiro e Gilson Lyrio