A inaceitável intimidação do 7 de setembro

Numa entrevista ao SBT no dia 7 de junho, Bolsonaro retomou a escalada golpista contra o processo eleitoral a pretexto das urnas eletrônicas. Ele começou a agitar uma intimidação em 7 de setembro no dito Bicentenário da Independência, dizendo que o Exército não aceita outro resultado. “Só Deus me tira de lá”, disse ele. E chamou os apoiadores para naquele dia “não apenas ir às ruas (mas) saber o que pretendo fazer em ato contínuo”.

Em agosto de 2021, a PEC de voto impresso foi derrotada no Congresso. Naquele 7 de setembro, bolsonaristas ameaçaram invadir os tribunais. Seguiu-se um polêmico “acordo”, mediado por Temer. Pouco depois, o então presidente do TSE, Facchin, tomou a estúpida decisão de criar uma Comissão de Transparência Eleitoral, onde 70 “especialistas” militares se meteram a questionar e ditar soluções.

A armação se completou quando parte das suas “sugestões” não foi aceita, e Bolsonaro voltou ao ataque, com seus filhos, alguns generais e ministros. A intimidação é, concretamente, uma ameaça ao candidato favorito no pleito, Lula.

Há duas atitudes comuns: não falar do assunto para não repercutir o inominável, e/ou acreditar que as instituições impediriam um hipotético golpe. Será?

Na Bahia, no dia 2, Lula afirmou que “o papel das Forças Armadas não é cuidar de urna eletrônica. Quem tem que cuidar de urna eletrônica é a justiça eleitoral, quem tem que fiscalizar é a sociedade civil”.

É certo, mas a escalada não parou. Oficiais-generais falam de um “mega desfile nunca visto” no bicentenário. Os bolsonaristas anunciam uma jornada em 31 de julho. Não se sabe o que o grupo vai fazer, mas a criação do chamado “estado de emergência” a pretexto do preço dos combustíveis, mostra ao que eles estão dispostos.

Pode ser tudo blefe, mas cabe uma interrogação responsável.

Quem vai deter os arreganhos de Bolsonaro “ato contínuo”? Os mal-arrependidos golpistas do impeachment de Dilma? Os lavajatistas envergonhados? As instituições covardes que seguraram Bolsonaro no cargo há 4 anos? Os militares “patriotas” que sumiram há décadas?

Todo cidadão de qualquer origem que busque soluções nacionais para a crise, tem seu lugar na defesa de eleições limpas.

Mas a força que pode responder de fato à intimidação militar é a força do povo. Só o povo salva o povo!

Alerta: Bolsonaro manobra com seus generais para se manter no poder. No fundo é o mesmo processo que, elegendo Lula contra os golpistas, deverá avançar para o fim da secular tutela militar (artigo 142) sobre a República, através de uma Constituinte Soberana, inclusive para Lula poder governar plenamente.

Muita coisa acontecerá ainda. Mas quanto antes a campanha de Lula Presidente, com as forças de apoio, engrossar uma agenda de mobilização de rua pelas bandeiras mais sentidas do povo, tanto melhor será para derrotar os golpistas. Confiamos muito mais nisso do que em jantares engravatados.

Markus Sokol

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